09/03/2020 - TON, parceria da Stone e Globo Ventures, começa operações
VoltarPor Valor Econômico | Finanças - Por Juliana Schincariol
A TON, joint venture criada entre a Stone, da área de tecnologia e serviços financeiros, e a Globo Ventures começa suas operações sete meses depois do anúncio da parceria. Quando o negócio foi comunicado em julho do ano passado, a ideia era começar com as transações de crédito e débito via “maquininha”, e adicionar gradativamente outros serviços como conta digital, crédito e seguro de vida para seus clientes. Foi acertado, porém, trabalhar com todo esse leque de opções desde o começo.
A TON chega para atender demandas de microempreendedores e autônomos. Profissionais como cabeleireiros, dentistas, médicos, personal trainers, ambulantes, taxistas e arquitetos estão entre o público-alvo. A marca foi lançada oficialmente ontem depois de uma fase de testes em fevereiro.
“Pensávamos em oferecer crédito a partir do meio do ano e seguro não estava nem na lista inicial. O público começou a demonstrar essa necessidade”, disse ao Valor o presidente da TON, Caio Fiuza. O objetivo é oferecer soluções completas para os clientes e acompanhá-los em seu crescimento, completou. Segundo ele, opções voltadas para investimentos e serviços de saúde também serão desenvolvidas. “Continuaremos lançando novos produtos ao longo dos próximos meses”, disse ele.
O início das operações da TON ocorre no momento em que o desemprego no Brasil segue alto, apesar de alguma melhoria nos indicadores, e da perspectiva de que as ocupações informais permaneçam elevadas. No trimestre encerrado em janeiro, o país tinha 19,3 milhões de trabalhadores por conta própria, segundo o IBGE.
O executivo reiterou que o foco da empresa recai sobre os trabalhadores por conta própria, um mercado potencial de 21 milhões de clientes no Brasil. Mesmo quem tem ocupação formal busca renda extra. Os próximos meses vão servir como aprendizado da reação do cliente em relação ao produto. “Vamos ser um player relevante. Não acreditamos que será [uma operação] muito grande em 2020 mas certamente será nos próximos anos”, afirmou. Fiuza não revelou projeções de números de clientes ou de transações esperadas para as operações da empresa.
A Stone possui participação de 67% na TON, e a Globo Ventures, de 33%. Conforme anunciado em julho, a credenciadora aporta tecnologia e capacidade de processamento, apoio operacional e recursos de gestão, além de R$ 50 milhões. Já o Grupo Globo se comprometeu a investir R$ 461 milhões para que a nova empresa aplique esses recursos em mídia. O primeiro anúncio, de três minutos, foi veiculado ontem, no intervalo do “Fantástico”, da TV Globo.
O site da TON informa que as taxas serão a partir de 1,99% para operações de débito. A cobrança depende do perfil de cada cliente, valores das transações e se há ou não parcelamento. Já o preço para adquirir a “maquininha” varia de R$ 58,80 a R$ 358,80, também conforme a empresa.
Fiuza disse que o cenário atual de preços no mercado é muito diferente de um ano atrás. “Havia uma guerra de preços e não se sabia onde íamos parar. Hoje não temos mais isso. As empresas começaram a olhar para a qualidade de produtos. Não entramos na guerra de preços, não é por aí que se ganha clientes. Trazê-los para a base é o primeiro passo, e a aposta maior é mantê-los”, afirmou o executivo.