20/08/2019 - PagSeguro e Stone ampliam mercado com novos serviços
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Por: Flávia Furlan e Álvaro Campos
Estratégia usada pelas credenciadoras de cartões independentes PagSeguro e Stone, a ampliação da oferta de produtos e serviços têm levado ao crescimento do mercado potencial dessas empresas e à forte valorização de seus papéis em bolsa. No mercado, o movimento de começar com um negócio de pagamentos e expandir para outros serviços bancários, usado pelas fintechs, ganhou a denominação de "cavalo de Tróia".
Após a divulgação do balanço do segundo trimestre na quinta, as ações da PagSeguro fecharam o pregão de sexta em Nova York com alta de quase 11%, com a empresa valendo US$ 15,28 bilhões (R$ 61 bilhões). A Stone, com ganho de quase 4%, valia US$ 8,47 bilhões (R$ 34 bilhões). O valor dessas empresas superou até mesmo o da Cielo (R$ 20 bilhões), do Banco do Brasil e Bradesco.
A Cielo é líder de credenciamento no país e estima sua fatia no segundo trimestre em 42,3% do volume capturado, ante 41,8% no trimestre anterior. Com base nesse cálculo, juntas, PagSeguro e Stone passaram de uma fatia de 13,6% para 14,6% no período. Essas empresas viram o lucro subir 71% em um ano, para R$ 537 milhões entre abril e junho de 2019.
A PagSeguro foi pioneira na venda de máquinas de cartão a pequenos empreendedores, enquanto as concorrentes focavam no aluguel a varejistas de maior porte. Os números mostram que 80% dos clientes da PagSeguro não aceitavam cartões antes. Agora, a empresa quer replicar o modelo com serviços bancários para varejistas e consumidores, pelo PagBank, considerando os 68 milhões de sub-bancarizados no país.
O presidente do conselho de administração da PagSeguro, Luiz Frias, disse durante teleconferência com analistas que a empresa tem um "oceano azul" a explorar. No início, o mercado potencial era de R$ 24 bilhões, considerando as receitas de varejistas com maquininhas. Agora, com a oferta de crédito para pequenas e médias empresas e consumidores, cartões e softwares, foi a R$ 336 bilhões. "Vemos a PagSeguro bem posicionada para capturar receitas relacionadas a serviços bancários, com uma grande e crescente base de clientes que é mal atendida pelos bancos", dizem em relatório os analistas do banco UBS.
O caso da Stone é similar, mas a empresa não tem uma licença bancária nem foca consumidores finais, apenas varejistas. A companhia, que começou num mercado de R$ 20 bilhões em credenciamento, agora mira R$ 114,5 bilhões com crédito, software e outros serviços bancários.
"As novatas entraram por onde a atuação dos órgãos reguladores permitiu: pagamentos. Agora, serviços financeiros e crédito vão ser o próximo passo da estratégia 'cavalo de Tróia'", disse o economista-chefe da Stone, Vinicius Carrasco, em evento em São Paulo. No segundo trimestre, a Stone estima ter alcançado 1% do mercado potencial em funding para pequenas e médias empresas. A empresa iniciou um negócio para microempreendedores numa parceria com o Grupo Globo.