24/12/2013 - Cartão aumenta PIB, diz pesquisa
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Enquanto a batalha contra o dinheiro está longe de ser vencida, grandes nomes do setor de cartões montam uma biblioteca de pesquisas em que tentam mostrar como o aumento dos pagamentos eletrônicos favorece a economia de um país. Embora os números não escapem de ter algum viés, dão uma amostra dos efeitos que a migração das transações em dinheiro para cartão podem trazer para o Brasil.
A bandeira de cartão MasterCard, por exemplo, encomendou um estudo à consultoria Value Partners em que busca quantificar o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de um avanço na utilização de cartões ao longo do tempo. A conclusão é que, se nos próximos quatro anos, a participação dos meios eletrônicos de pagamento chegar próxima a 34% do consumo das famílias, o PIB teria um acréscimo da ordem de 3,65%. No acumulado do primeiro semestre, a fatia de cartões no consumo das famílias foi de 26,2%. Ou seja, precisaria crescer 30% em quatro anos. O estudo foi apresentado com exclusividade ao Valor.
Segundo a MasterCard, o impacto no PIB de um avanço dos pagamentos eletrônicos seria transmitido em diversos canais. Entre eles, a economia dos bancos com manejo de dinheiro vivo e segurança, ao mesmo tempo em que a facilidade de acesso ao crédito no cartão aumenta o tíquete médio comprado. Também dificulta a sonegação de impostos e reduz a informalidade.
"Esse crescimento de 30% em quatro anos é um cenário viável", afirma o vice-presidente de produtos da MasterCard Brasil, Marcelo Tangione. Ele nota que mesmo em anos de fraco crescimento do consumo, como 2013, o mercado de cartões caminha para um crescimento próximo de 18%, sinal de que ainda há espaço para migração do pagamento em dinheiro e em cheque para cartões. "Acredito que novos produtos, como o cartão pré-pago, vão contribuir para esse avanço, mas as grandes oportunidades estão mesmo no cartão de crédito e de débito."
Em 2012, a bandeira Visa conduziu estudo semelhante, em parceria com a consultoria Tendências. A conclusão da pesquisa era que se houvesse um aumento de 10% na participação dos cartões como meio de pagamento nas vendas do comércio, haveria elevação de 2,8% no valor total das vendas. Essa participação estava em cerca de 29,8% em dezembro de 2011, segundo a pesquisa. Esse indicador difere do citado acima por avaliar as compras com cartão pela ótica do que foi vendido, não a do consumo.
Para Percival Jatobá, diretor executivo sênior de produtos da Visa, a chave para conquistar o aumento no uso de cartões está em melhorar os índices de ativação do meio de pagamento. "Romper a barreira que existe entre o cliente receber o cartão e usá-lo pela primeira vez ainda é um ponto fundamental para a substituição do dinheiro."
Contudo, Jatobá não arrisca um cronograma de como deve andar a migração para pagamentos digitais daqui para frente. "A indústria de cartões conseguiu dar a volta no cheque, que praticamente desapareceu, mas é difícil dizer em quanto tempo conseguirá fazer isso com o dinheiro."