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20/07/2018 - Dinheiro vivo é usado para pagamentos por 96% da população, aponta BC

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VALOR 

Por: Isabel Versiani 


Pesquisa do Banco Central divulgada nesta quinta-feira mostra que o brasileiro ainda usa muito o dinheiro em espécie, principalmente para compras de pequeno valor. O estudo “O brasileiro e sua relação com o dinheiro” mostrou que 96,1% da população realiza pagamentos ou faz compras em dinheiro vivo, além de outros meios.

O cartão de débito é usado por 52% das pessoas; o cartão de crédito, por 46%; o débito automático, por 23%; a transferência eletrônica, por 16%; o vale refeição ou alimentação, por 11%; e outros meios, por 7%.

No caso de pequenos gastos, 87,9% preferem usar dinheiro vivo para compras de até R$ 10,00. Para pagamentos de mais de R$ 500, a maior parte, ou 42,6%, prefere usar cartão de crédito.

A pesquisa mostra ainda que o peso dos pagamentos em dinheiro vivo no faturamento do comércio caiu desde 2013, em favor da participação dos pagamentos com cartão de débito. O uso do cartão de crédito ficou estável no período.

Os pagamentos em espécie responderam por 50% do faturamento das lojas no levantamento realizado em abril deste ano, queda em relação à participação de 55% apurada em pesquisa semelhante realizada em 2013. No período, o peso do cartão de débito aumentou de 14% para 20%, enquanto o do cartão de crédito ficou estável em 25%. O uso dos cheques caiu dois pontos percentuais, para 1%.

No comércio, 75,8% dos estabelecimentos aceitam pagamentos no débito e 74,1% no crédito.

O levantamento mostrou também que 29% das pessoas ainda recebem seu salário em dinheiro. Outros 48% recebem por depósito em conta corrente, poupança ou conta salário; e 0,4% recebe por outros meios, incluindo cheques. Na pesquisa, 22% disseram não ter renda e 1% não respondeu.

“A pesquisa busca identificar o comportamento dos brasileiros com o dinheiro para que o Banco Central possa suprir as necessidades”, afirmou o chefe-adjunto do Departamento do Meio Circulante do BC, Fábio Bollmann. O BC gasta, em média, R$ 500 milhões por ano com a produção de moedas e cédulas. 

Segundo Bollmann, dados internacionais mostram que as formas de pagamento têm mais relação com hábitos culturais do que com renda. Como exemplo, ele citou que, na Suécia, praticamente 100% dos pagamentos são feitos em cartão, enquanto na Alemanha o uso do dinheiro em espécie ainda é muito relevante.

O BC ainda questionou as pessoas sobre como elas lidam com o dinheiro. Entre os entrevistados, 34% disseram carregar até R$ 20 em notas na carteira, e outros 34% andam com R$ 20 a R$ 50. Já em moedas, a maioria (32%) carrega entre R$ 2 e R$ 5.

O estudo mostrou que 54% das pessoas dizem portar moedas para pequenas compras ou para facilitar o troco, enquanto 26% guardam as moedas em casa ou no trabalho e outras 10% deixam elas no carro para doações e pequenos pagamentos.

Entre aquelas que mantém as moedas “entesouradas”, 22% guardam o dinheiro em latas ou potes e outros 22%, em cofrinhos fechados. Já 21% mantêm em gavetas ou sobre os móveis.

No grupo dos brasileiros que guardam moedas, a grande maioria (59%) fica com elas até um mês. Outros 21% ficam entre um e seis meses. E 19% guardam por mais de seis meses. A maioria das pessoas guarda moedas de todos os valores, mas 13% dizem que só mantêm as moedas de R$ 1.

O Brasil, segundo o BC, tem hoje um estoque de 25,7 bilhões de moedas, o que dá uma média de 126 moedas por habitante. Desse total, no entanto, 8 bilhões de unidades estão fora de circulação, guardadas justamente em latas e cofrinhos ou simplesmente perdidas.

Bollmann afirmou que a autoridade monetária considera “louvável” a iniciativa de alguns brasileiros de poupar pequenos valores em casa, mas disse que o ideal é que, sempre que possível, as pessoas troquem as moedas por cédulas de maior valor nos bancos, para aumentar o volume de dinheiro disponível para trocos e pequenos pagamentos.

“O objetivo é que as moedas circulem o máximo possível e não fiquem guardadas em gavetas, esquecidas”, afirmou Bollmann.

O BC também perguntou como as pessoas guardam suas notas. A maior parte (63%) as dobram ao meio; 24% guardam sem dobrar; 10% dobram várias vezes; e 2% guardam amassadas ou emboladas.

As cédulas têm uma vida útil menor que as moedas — 14 meses em média para as notas de valor mais baixo, como R$ 2,00 e R$ 5,00, e três a quatro anos para as de maior valor, como a de R$ 100. As moedas podem durar anos, mas na prática uma parcela importante acaba não sendo utilizada, o que aumenta os custos.


 

 

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