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18/05/2018 - Parcelado sem juros é vilão no cartão de crédito, diz Loyola

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VALOR

Por: Fabio Murakawa  


Para o ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Loyola, a existência do parcelado sem juros no cartão de crédito - um fenômeno brasileiro - gera distorção das taxas cobradas pelo segmento. Em sessão na CPI dos Cartões de Crédito no Senado ontem, o executivo disse que esse é um dos fatores que levam o país a ter um dos maiores spreads bancários do mundo, alinhando-se a representantes das empresas de cartão de crédito presentes à sessão. Representantes das credenciadoras, que vendem e alugam as "maquininhas", entretanto, veem falta de competição no setor.

Loyola citou também impostos e tarifas cobradas dos entes financeiros, além de "uma ineficiência da indústria, associada ao ambiente de negócios do Brasil", o chamado "custo Brasil", como causas para o fenômeno.

Para ele, uma "legislação adequada" pode ajudar a derrubar os juros, como ocorreu na década passada com o mercado imobiliário. Um exemplo que vai nesse sentido, afirmou, é o projeto do cadastro positivo, em tramitação no Congresso.

"O ataque aos juros elevados no Brasil, ao spread bancário, pressupõe atacar todos esses fatores", disse Loyola. "O cadastro positivo é pedra fundamental nisso porque aumenta informação, permite menor precificação e baixar a taxa de juros."

Interpelado, Loyola opinou que a existência do parcelado sem juros afeta toda a estrutura de precificação da indústria.

Presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD), Rafael Pereira também defendeu o cadastro positivo como "superimportante para deixar o mercado mais eficiente". Hoje, duas pessoas que pagam em dia estão pagando juros pelo que não paga. Por que não tirar esse que não paga do mercado e cobrar uma taxa menor dos outros dois?" exemplificou.

Vinícius Carrasco, economista-chefe da Stone Pagamentos, defendeu que é preciso haver aumento na competição entre as operadoras de cartão, como houve no caso das "maquininhas".

Louangela Bianchini, diretora jurídica e de relações governamentais da Cielo, afirmou que "no caso da atividade de credenciamento de cartão de crédito, nós não padecemos de ausência de competição".

Para o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), relator da CPI, "é fato que existem distorções" a serem enfrentadas ou por medidas dos órgãos reguladores ou por iniciativas do Congresso. Para ele, essas medidas, além de melhorar o ambiente de negócios no país, precisam dar "respostas aos usuários de crédito que, de fato, não entendem o porquê da cobrança de índices tão elevados quando a taxa básica de juros está próxima a 6% ao ano". Ele afirmou ao Valor, no entanto, que não é objetivo da CPI "baixar os juros na marra".


 

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