11/08/2017 - Como superaplicativos estão fazendo da China o 1º país que não usa dinheiro
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STARTSE
Por Felipe Moreno
A China é um lugar peculiar. Com a internet fechada, muitas das empresas desenvolveram soluções diferentes do que no ocidente. E duas delas, em especial, desenvolveram aplicativos que estão mudando diversos hábitos dos chineses e ajudando o país a ocupar o posto de primeiro pais do mundo sem dinheiro: a Tencent, desenvolvedora do WeChat, e o Alibaba, dona do Alipay.
O WeChat nasceu como um aplicativo de mensagens, estilo WhatsApp, mas se transformou em um superaplicativo disponível em todos os momentos da vida dos chineses. Basicamente você pode procurar um serviço, contratá-lo, pagar por ele e recomendá-lo para os amigos sem nem mesmo SAIR do aplicativo. O que aqui no Brasil você precisaria de Google, telefone, cartão de crédito e Facebook pode ser alcançado com apenas um aplicativo na China.
É impressionante. Você pode baixar o aplicativo e usar a câmera do celular para ler QR Codes que autorizam pagamentos, buscam cupons de desconto, dar gorjeta para garçons e até mesmo leem promoções em lojas. O pagamento é feito com sua digital ou senha no celular e é mais seguro do que um cartão de crédito.
Pequenas e grandes lojas aceitam o pagamento via WeChat e dinheiro é uma coisa do passado na maior parte das grandes cidades chinesas – cerca de 60% dos pagamentos na China não usam dinheiro, mas é bom destacar que a maioria é feito através de aplicativos como o WeChat e o Alipay.
Nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos, mais da metade dos pagamentos também não usam dinheiro, mas o mercado de aplicativos não é nem perto do que é no gigante asiático. São mais de US$ 3 trilhões em transações digitais na China, enquanto os Estados Unidos (com uma economia que consome ainda mais que a chinesa) gastam US$ 112 bilhões – igual o mercado chinês cinco anos atrás.
O Alipay tem vantagem por ser do Alibaba, uma espécie de Amazon chinesa, comandada por Jack Ma. Ele ainda é líder de mercado – com mais de 450 milhões de usuários -, mas vem perdendo share para o WeChat (que tem 900 milhões de usuários, embora nem todos usem o WeChat Pay).
Ambas as companhias se esforcem para que cada vez mais os varejistas aceitem – já são maioria em cidades como Pequim e Shangai, mas minoria em cidades pequenas do interior (aquelas que tem “apenas” 5 milhões de habitantes). O pagamento é simplificado: basta apontar a câmera para o QRCode e a quantia será retirada de sua conta.
E no Brasil?
Funciona tão bem que o Facebook quer transformar tanto o Messenger quanto o WhatsApp em ferramentas de pagamento. Aqui no Brasil, algumas companhias se inspiram no sucesso da superplataforma do WeChat para desenvolver suas soluções que querem ser grandes plataformas.
A mais proeminente delas é a gaúcha 4All, fundada por José Renato Hopf, fundador também da GetNet – adquirente vendida para o Santander alguns anos atrás. A 4All também quer ser um aplicativo usado nos mais diversos pagamentos do dia-a-dia – tendo começado com gastronomia e mobilidade urbana no ano passado.
Se a 4all ter o mesmo sucesso de WeChat e Alipay no curto prazo, depende de uma mudança cultural do brasileiro – se demorar demais, pode ser um problema para a rentabilidade da startup gaúcha ou abrir espaço para novas concorrentes.
Ela mudança cultural virá eventualmente, disso não há dúvidas: no fim, as novas tecnologias mais convenientes sempre ganham. O fato é que empresas inovadoras estão trabalhando para mudar as suas finanças nos próximos anos.
Por isso estamos promovendo o Fintouch, um evento exclusivo em São Paulo para tratar de como a tecnologia e as startups estão lutando para mudar como você usa, guarda, investe, paga, o seu dinheiro. Não deixe de dar uma olhada no evento.
O nosso futuro? Talvez mais parecido com a China, com cada pessoa usando seu smartphone para realizar pagamentos.