16/06/2017 - Fintechs apontam para novos nichos
VoltarUma administradora de cartões que facilita o acesso a consultas médicas com preços mais em conta, uma tecnologia para reconhecimento facial e uma plataforma que captura dados de redes sociais para instituições financeiras. Essas foram as três iniciativas que mais chamaram a atenção de uma banca de executivos de grandes bancos, como Bradesco, Itaú e Citibank, durante apresentação de 21 fintechs no Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições Financeiras (Ciab Febraban), encerrado na semana passada.
Segundo Marcelo Assumpção, gerente de eventos da Febraban, foram pré-selecionadas 21 empresas entre 84 projetos inscritos de nove Estados, além de um do México. "As três apontadas pelo júri vão ganhar o direito de ter duas reuniões com lideranças de seis bancos, para estudarem possibilidades de negócios e parcerias", diz.
A administradora de cartões Tem criou um plástico para marcar consultas e exames particulares de saúde com preços abaixo do mercado. Segundo os sócios fundadores Igor Pinheiro e Tuca Ramos, um exame ou consulta de R$ 250 pode custar, pelo sistema, até R$ 150.
Para garantir o benefício, a empresa atua na administração da rede credenciada e na intermediação dos pagamentos aos prestadores de serviços. Há, ainda, 20% de desconto na compra de medicamentos em mais de nove mil farmácias cadastradas.
"Não há tarifas mensais, o consumidor paga pelo que utiliza, por meio de cartões pré ou pós-pagos", diz Ramos. A Tem faturou R$ 6 milhões em 2016 e a meta é fechar 2017 com uma carteira de 240 mil usuários. A área de cobertura passou de 60 cidades, em 2015, para 800 municípios, este ano. Já a rede credenciada saltou de 650 pontos de atendimento para 4,2 mil, no mesmo período.
Ramos e Pinheiro são fundadores da Brasil Insurance, do ramo de seguros, e foram sócios da corretora APR. Há dois anos, a Tem recebeu um aporte da gestora de investimentos de impacto Vox Capital. Recentemente, fechou uma parceria com a Natura, para oferecer a facilidade às consultoras da marca.
Na FullFace, o carro-chefe é um sistema de reconhecimento facial para autenticações biométricas. "Nossa tecnologia torna os processos de segurança personalizados e rápidos", garante Danny Kabiljo, CEO da FullFace. A novidade garante 99% de precisão no reconhecimento biométrico a partir da leitura de 1.024 pontos da face, em menos de um segundo. Pode ser usada no controle de entrada e saída de ambientes, abertura de conta corrente pelo celular e no credenciamento de feiras e eventos. Já laçou clientes como a Gol e a Motorola. Residente no Cubo, espaço de empreendedorismo do banco Itaú, recebeu no ano passado o selo Cool Vendors, diploma de credibilidade tecnológica concedido pela consultoria Gartner.
Também entre as fintechs de destaque no Ciab, a Dataholics tem soluções de marketing baseadas na pesquisa de dados demográficos e de páginas da internet que os consumidores "curtem". A oferta inclui segmentação de campanhas, recomendações de produtos em sites de e-commerce e pesquisa de mercado. Também trabalha com big data e mídias sociais para ajudar as instituições a fixar limites de crédito para clientes.
Em maio, a Dataholics foi selecionada, entre 180 inscritas, para o Track, programa de aceleração e incubação de fintechs da Visa e da consultoria Kyvo. Com duração de seis meses, a ação oferece R$ 235 mil para o desenvolvimento de negócios. Este ano, também ingressou na Wayra, aceleradora ligada ao grupo Telefônica.
O investidor e CEO da consultoria Kogut eBusiness, Márcio Kogut, afirma que o que torna uma fintech atraente para o mercado é a criação de uma proposta que resolva as necessidades mais urgentes dos usuários. Kogut investiu R$ 2,7 milhões em seis startups, nos últimos dois anos. Do total, duas são fintechs dos segmentos de pagamentos e crédito. Segundo o especialista, por se tratar de empresa de tecnologia que executa operações financeiras, um movimento errado pode lhe custar a credibilidade e enterrá-la para sempre.