19/05/2017 - Visa levará ´fintechs´ para Vale do Silício
VoltarVisa levará 'fintechs' para Vale do Silício | Por Silvia Rosa
A Visa anunciou ontem as cinco startups de finanças, "fintechs", vencedoras do seu primeiro programa de aceleração e incubação, conhecido como Track, realizado em parceria com o centro de inovação GSVLabs, do Vale do Silício, e a consultoria brasileira Kyvo Design-Driven Innovation.
As fintechs Beetech, Dataholics, Foxbit, Next One e Saffe foram escolhidas entre 13 finalistas do processo de seleção e receberão R$ 235 mil cada uma da Visa para um programa de seis meses, com estágio de um mês durante a fase de aceleração do negócio na sede do GSVLabs, um centro de inovação mundial que abriga mais de 170 startups, baseado no Vale do Silício, nos Estados Unidos. No total foram 180 startups inscritas. "Buscamos startups que já estão maduras, com dois a três anos de mercado e já têm produtos lançados", afirma Erico Fileno, diretor de inovação da Visa no Brasil.
O programa compreenderá um período de três meses de aceleração, sendo um no Vale do Silício, e três meses de incubação das empresas, e usará a metodologia da GSVLab, além de contar com um conjunto de mentores e a consultoria da Kyvo para aplicação prática dos conceitos.
A ideia do programa é buscar soluções que possam ser aproveitadas não só pela Visa, mas também pelos clientes da empresa de meios de pagamento no Brasil, sejam os emissores de cartões, os adquirentes ou os varejistas. "Essas empresas contemplam tecnologias como bitcoin (moeda virtual), data analytics e métodos não tradicionais de autenticação, que estão em conformidade com a agenda de inovação da Visa", afirma Percival Jatobá, vice-presidente de produtos da Visa Brasil.
Uma das selecionadas é a Beetech, plataforma de câmbio que oferece serviços de compra de moedas estrangeiras e transferências internacionais on-line. Já a Dataholics é uma fintech que trabalha com gestão de dados de pessoas captados nas redes sociais. A startup oferece um serviço para as instituições financeiras que consiste na validação de identidade e no levantamento do potencial econômico dos consumidores e devedores baseado em "social score", ou seja, na nota de crédito com base nas informações divulgadas nas redes sociais. Essas informações poderão ser usadas pelas instituições financeiras na tomada de decisões, como aprovação de um crédito ou oferta de um cartão.
Outra empresa selecionada para o programa é a Foxbit, que consiste em uma plataforma de negociação da moeda virtual bitcoin e ativos digitais.
A Next One é uma plataforma que funciona como uma corretora de seguros on-line que conecta segmentos de negócios às seguradoras. Na área imobiliária, por exemplo, os corretores podem oferecer aos seus clientes a venda de seguros residenciais e receber uma comissão a mais pela venda desse serviço da seguradora, permitindo multiplicar o número de corretores de seguro.
Por último, a Saffe oferece métodos alternativos de pagamento e autenticação. Essa validação da transação pode se dar, por exemplo, pelo reconhecimento facial dos compradores através de uma "selfie" que ele pode fazer pelo celular, ajudando a trazer mais segurança para as compras no e-commerce. "Essas startups vão trazer nova mentalidade de desenvolvimento ágil, uma nova forma de desenvolver produtos e serviços digitais", afirma Fileno, da Visa.
Segundo estudo da a Moody's divulgado ontem, o número de fintechs cresceu no Brasil nos últimos anos, o que faz do país o maior mercado de tecnologia financeira da América Latina. No entanto, muitas dessas empresas são exclusivamente focadas em pagamentos ou em gestão de ativos e apenas 2% delas oferecem serviços múltiplos.
Apesar das fintechs liderarem a inovação nos serviços de banco digital no Brasil, a Moody's avalia que são as instituições financeiras tradicionais que determinarão o escopo das mudanças no setor. "A mudança estrutural na demanda e comportamento dos clientes está levando os bancos a focar cada vez mais em canais de serviços alternativos", diz Ceres Lisboa, vice-presidente sênior da Moody's, em relatório.
A Moody's estima que os investimentos das instituições financeiras em TI necessários para o desenvolvimento e lançamento das estratégias digitais chegam a R$ 5 bilhões por ano.
Cada banco tem adotado abordagens diferentes na implementação de suas estratégias digitais. Além de investirem em plataformas digitais, Itaú Unibanco e Bradesco, por exemplo, também lançaram programas para o desenvolvimento de soluções em parcerias com as startups. O Bradesco pretende ainda lançar um banco digital neste ano.