Reivindicação antiga de quem faz compras com cartão de crédito no exterior, a possibilidade de travar a cotação da moeda estrangeira com o valor do dia da aquisição (e não com o da data do fechamento da fatura) encontra pouca adesão entre os grandes bancos brasileiros.
Dos cinco maiores, apenas a Caixa informou que vai oferecer a opção a seus clientes, a partir do mês que vem.
Uma resolução de novembro do Banco Central autorizou os bancos a oferecerem aos clientes a possibilidade de travar o câmbio no dia da compra no exterior, evitando surpresas negativas com a oscilação da moeda.
Para isso, o consumidor terá que comunicar seu banco que quer mudar a forma de conversão cambial.
Santander, Bradesco e Itaú dizem ainda estar avaliando as mudanças. O Banco do Brasil afirma que não há previsão para oferecer o produto.
Na Caixa, o cliente terá que pedir a alteração da opção pela central de atendimento. O banco diz que posteriormente será permitido fazer a operação nos terminais de autoatendimento, internet banking e aplicativo.
A mudança é uma boa notícia para quem já passou por situações em que a cotação no momento do gasto era uma, mas, no dia de fechamento da fatura, ficou mais desfavorável. Essa volatilidade prejudica o controle financeiro do consumidor.
Quem fez compras na primeira metade de novembro, por exemplo, pode ter levado um susto com o valor final em sua fatura. Entre os dias 7 e 15 do mês, por exemplo, o dólar turismo saltou 7,5%: de R$ 3,33 para R$ 3,58. Uma compra de US$ 1.000 passaria de R$ 3.330 para R$ 3.580.
"A mudança é benéfica para o cliente, que terá mais clareza quanto ao preço, em reais, das compras realizadas no exterior, e para os bancos, que também deixam de estar expostos à oscilação cambial", diz Rodrigo Cury, superintendente-executivo de cartões do Santander.
CUIDADOS
Antes de travar o câmbio no dia da compra, o turista deve considerar alguns fatores. A cotação dos bancos costuma ser mais salgada que a de casas de câmbio –é possível conferir no link www3.bcb.gov.br/rex/vet/index.asp o preço cobrado, que inclui a taxa, tarifas e impostos.
"No cartão pré-pago, há a possibilidade de barganhar, conseguindo uma taxa menor. No cartão de crédito, isso não acontece", diz Fernando Bergallo, diretor da assessoria de câmbio FB Capital.
No Brasil, as transações em moeda estrangeira são convertidas para dólar para depois serem transformadas em real. Ou seja, se a compra for feita em libra, a bandeira (como Visa e Mastercard) vai fazer a mudança para dólar para depois convertê-la em real.
"Há a possibilidade de a bandeira não utilizar a paridade crua da moeda para o dólar. Se a libra está cotada a US$ 1,24, pode converter a US$ 1,26. Já tem um pequeno spread na conversão para o dólar do cartão", afirma o planejador financeiro Mathias Duarte Fischer.
No cartão de crédito também é mais difícil controlar o orçamento. Para evitar surpresas, especialistas recomendam já sair do país com o valor a ser gasto em moeda estrangeira, concentrando a maior parte no pré-pago e com uma parcela menor em espécie. O cartão serviria para gastos emergenciais.