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03/08/2016 - Itaú lucra menos, mas acima do esperado

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Por Vinícius Pinheiro, Felipe Marques e Talita Moreira | De São Paulo | Valor Econômico

Com redução nas despesas para fazer frente a calotes no trimestre e um volume pago em impostos inferior ao esperado, o Itaú Unibanco surpreendeu ontem com um resultado acima das projeções de mercado. A instituição financeira registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,57 bilhões no segundo trimestre. Apesar da queda de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado, a estimativa média de analistas, segundo levantamento do Valor, apontava um resultado ainda menor, de R$ 5,019 bilhões - queda de 18%.

Sinal da boa reação aos números do maior banco privado do país, as ações preferenciais da instituição subiram 1,25%, em um dia em que o índice Ibovespa caiu 1,05%. Nem mesmo as revisões substanciais anunciadas pelo Itaú em suas projeções para 2016 foram capazes de azedar o bom humor. Na semana passada, o Bradesco também cortou suas projeções.

Em relação ao rival, porém, o Itaú pontuou melhor em um quesito: qualidade de crédito, segundo analistas. No banco comandado por Roberto Setubal, R$ 5,32 bilhões em operações de crédito passaram a ser inadimplentes, com mais de 90 dias de atraso, no segundo trimestre, queda de 11,4% ante o primeiro trimestre e de 2,7% na comparação anual. Já no Bradesco, foram R$ 5,36 bilhões em novas operações inadimplentes, alta de 6,5% na comparação trimestral e de 21,4% na anual, nas contas do Credit Suisse.

A inadimplência do Itaú também subiu menos: 0,1 ponto percentual ante o primeiro trimestre, para 4,5%, considerando apenas as operações no Brasil. Há 12 meses, os atrasos acima de 90 dias estavam em 3,6%. No Bradesco, o índice saiu de 4,22% para 4,64% na comparação trimestral, acima do que projetavam analistas.

O balanço do segundo trimestre foi o primeiro divulgado pelo Itaú após a consolidação do CorpBanca, que fez com que os ativos do conglomerado encerrassem o trimestre em R$ 1,396 trilhão. Para permitir a comparação com períodos anteriores, o Itaú divulgou resultados "pro forma", em que considera os números do CorpBanca em períodos anteriores.

A redução de 23,1% nas despesas com provisão contra calotes em relação ao primeiro trimestre do ano, para R$ 5,365 bilhões, foi o grande destaque positivo do balanço. A queda foi puxada pelas reservas para clientes de atacado, que foram 43% menores que no começo do ano - quando a recuperação judicial da Sete Brasil pesou no número. Na comparação com o mesmo período de 2017, porém, as despesas ainda crescem 16,5%. No Bradesco, as despesas foram de R$ 5 bilhões, com queda de 7,8% no trimestre e alta de 41,5% anual.

A queda nas despesas com provisão do Itaú teria sido menor no trimestre, caso o Itaú não tivesse transferido R$ 762 milhões de uma reserva extra de provisões, aquelas além das que exige o regulador e que não dizem respeito a um cliente específico, para as provisões regulamentares. O saldo de provisões extras do banco caiu 6,9% no trimestre, para R$ 10,224 bilhões. Nas contas do Goldman Sachs, caso esses R$ 762 milhões fossem incluídos nas despesas de provisão, a queda trimestral seria de 4,2%.

O Itaú também não passou ao largo da recuperação judicial da Oi. O banco anunciou uma baixa de R$ 539 milhões no valor de títulos, em virtude da piora do risco das empresas que emitiram os papéis. Analistas afirmam que essa perda pode estar relacionada à operadora de telefonia, embora o banco não tenha detalhado a questão. Graças à baixa, a margem financeira gerencial do banco registrou queda de 3,7% ante igual período de 2016, para R$ 16,59 bilhões. No Bradesco a margem financeira cresceu 10,5% na comparação anual, e no Santander, 4,4%.

Marcelo Kopel, diretor de relações com investidores do Itaú, afirmou que a baixa deveu-se majoritariamente a um só título. O executivo disse a jornalistas que novas baixas são possíveis, mas já estão contempladas nas projeções apresentadas pelo banco. Por ora, o pagamento do título está em dia.

A menor alíquota de imposto paga pelo banco também ajudou no resultado superior ao esperado. Analistas do Credit Suisse esperavam percentual de 30% no trimestre, mais próximo do Bradesco, que registrou 31%. O Itaú, porém, apresentou uma alíquota de 25%, que a equipe do Goldman considerou "insustentavelmente baixa".

O Itaú também fez ampla revisão em suas projeções, graças aos números do CorpBanca e à mudança, de R$ 4,50 para R$ 3,25, na sua projeção de câmbio para o fim do ano. O banco projetava que o crédito encerraria o ano entre queda de 0,5% e alta de 4,5%. Neste trimestre, passou a esperar queda entre 5,5% e até 10,5%, incluindo o CorpBanca. A carteira de crédito do banco encerrou o segundo trimestre em R$ 608,6 bilhões, queda anual de 5,4%.

O banco também decidiu aumentar a estimativa para despesas com provisão neste ano, para intervalo entre R$ 23 bilhões a R$ 26 bilhões. A projeção anterior variava de R$ 22 bilhões a R$ 25 bilhões.

Adeodato Volpi Netto, diretor da Eleven Research, afirma que a revisão de projeções do Itaú mostra que a situação econômica do país ainda inspira cuidados, embora as expectativas tenham melhorado. "A postura do Itaú é sempre mais realista que a dos pares."

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