21/07/2016 - Realidade virtual, pagamento com wearable: a tecnologia na Olimpíada
VoltarPor Carlos Coelho, de Gazeta do Povo
Os Jogos Olímpicos não são feitos apenas para Michael Phelps, Usain Bolt ou Serena Williams brilhar. Há uma batalha um pouco mais discreta rolando nos bastidores do grande evento esportivo mundial: a tecnológica. É quando as empresas lançam conceitos, aproveitam a audiência “in loco” e a exposição televisionada para validar e vender suas ideias . “É um momento de grande visibilidade. Não há espaço para testes ou para falhas: mais de 5 bilhões de pessoas acompanharão pela televisão e mais de 25 mil jornalistas estão credenciados”, diz Rodrigo Uchoa, diretor de novos negócios e coordenador do Projeto Rio 2016 na Cisco, empresa de tecnologia apoiadora oficial da Rio-2016 . E é assim desde sempre.
E, se Tóquio, que sediará a edição de 2020, nem bem esperou a atual começar para anunciar a “possivelmente” Olimpíada mais tecnológicos da história, com táxis autônomos e hologramas, a Rio-2016 também tem suas armas ainda que um pouco mais modestas. Por aqui, veremos soluções relativamente novas, como wearables e realidade virtual, dando as caras. Outras serão reforçadas. Veja algumas das iniciativas:
Wearable
A Visa e o Bradesco aproveitaram os Jogos para lançar seu wearable (o nome técnico de dispositivos tecnológicos vestíveis) de pagamento. A Pulseira Bradesco Visa faz transação financeira por NFC (Near Field Communication), que é uma tecnologia segura já usada em alguns lugares do mundo. Com isso, o usuário não precisa carregar carteira ou dinheiro físico. Para usá-la na hora das compras, basta aproximar de uma maquininha de pagamento com cartão com capacidade de ler NFC – no Rio, haverá 4 mil delas disponíveis para suprir a demanda nos locais dos eventos esportivos. Quando a compra for inferior a R$ 50, nem haverá necessidade de senha. O gadget está disponível para clientes do banco – é preciso fazer o pedido via site (pulseirabradescovisa.zendesk.com)
Big Data
E se a vibração da cidade olímpica pudesse ser transformada em música? Na verdade, já está sendo. A Cisco, empresa de TI parceira oficial da Rio-2016, lançou um aplicativo chamado “Ouça a Cidade”. Ele usa Big Data (análise de grande volume de informações) para traduzir o clima da capital carioca em sons. Um software analisa os dados como número de pessoas conectadas, velocidade média dos ônibus, tráfego e temperatura para criar a música. Por exemplo, a batida acelera quando o horário avança; a música ganha instrumentos de corda de acordo com itens positivos que os usuários postam nas redes sociais (a avaliação é pelas hashtags). Tudo em tempo real.
Conexão urbana
Parte do conjunto de informações anterior não é aleatória. Por exemplo, o número de pessoas conectadas se refere às que estão usando o wifi gratuito do Porto Maravilha (região que compreende a zona portuária e centro do Rio, por onde uma grande quantidade de turistas deve passar). Esta conexão é fornecida pela Cisco como parte da Plataforma Conectada Urbana, uma central de serviços digitais disponível naquela região. Outra parte deste programa são sensores espalhados pela cidade que informam autoridades de problemas simples, mas que podem causar um desastre, como bueiros entupidos.
“A plataforma tecnológica necessária para a realização dos Jogos Olímpicos deve ser robusta, segura e projetada para atender a todas as necessidades tecnológicas do evento e das milhares de pessoas envolvidas na organização e entrega dos Jogos. Os Jogos não são o fim, mas sim o início de uma transformação digital que poderá beneficiar o Rio de Janeiro e o Brasil como um todo.” (Rodrigo Uchoa- diretor de novos negócios e coordenador do Projeto Rio 2016 na Cisco).
Armazenamento em nuvem
A Atos, que é a parceira oficial da organização para estes Jogos, garante que terá grande parte do armazenamento de informações na nuvem, em vez de usar servidores locais. Para se ter uma ideia, em Londres (2012), foram usados 719 computadores de armazenamento. Na Rio-2016, apenas 250 serão usados. É possível que em Tóquio (2020), todo o conteúdo seja colocado na nuvem.
Realidade Virtual
Pela primeira vez, uma Olimpíada terá transmissão em Realidade Virtual (RV). E este é um campo estratégico para esta tecnologia, que pode emplacar de vez graças aos Jogos. A rede de tevê norte-americana NBC anunciou que transmitirá pelo menos 85 horas de programação desta forma, em uma parceria com a fabricante de smartphones Samsung e a de óculos de VR Gear. Abertura e fechamento dos Jogos, finais do basquete e a nobre corrida 100 metros rasos estão entre os eventos programados. De acordo com a rede, o material estará disponível com delay de um dia – em compensação, oferecerá uma experiência quase “in loco” ao usuário.
Câmeras robóticas
A Getty Images, que é a agência fotográfica oficial dos Jogos, usará câmeras robóticas para captar a ação esportiva de ângulos antes não alcançáveis alguns testes, na verdade, já foram feitos em Londres-2012. É usual que os fotógrafos trabalhem com uma segunda câmera, colocada em um ponto afastado e acionada de maneira remota. A ideia da agência é melhorar este sistema, tornando possível movimentar a câmera, reposicioná-la, captar imagens em 360 graus. O responsável por desenvolver este novo equipamento foi Mark Roberts, que trabalha para o cinema (já desenvolveu câmeras robóticas para filmes como Harry Potter e Avatar).
Japão promete Jogos altamente hi-tech em 2020
Tóquio já sediou uma edição olímpica, em 1964. Na ocasião, finalizou o trem-bala, um projeto pioneiro que representou uma revolução para o transporte mundial. Ou seja, não há do que duvidar quando Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, promete infraestrutura altamente hi-tech na volta dos Jogos ao país, em 2020.
Para este retorno, vários testes com veículos autônomos (sem motoristas) estão sendo realizados na cidade. A ideia é que eles componham a frota de táxis. Empresas como a local ZMP Inc. tem feito avanços consideráveis neste campo. Ao mesmo tempo, Abe indica que as estradas e mapas estarão preparados para receber estes veículos no próximo ano.
Não será o único avanço. Os japoneses querem hologramas nos locais de prova. E é a Mitsubishi que tem liderado esta pesquisa – a empresa diz ser capaz de criar imagens flutuantes em 3D, um caminho sucessor aos telões.
De acordo com a revista Popular Science, outros avanços, como biocombustível para aeronaves, Vila Olímpica abastecida somente com energias renováveis e transmissão completa em 8K (bem superior à alta definição padrão) são apostas para a Olimpíada sucessora da Rio-2016.