11/02/2016 - Venda da Elavon no Brasil deve envolver fatia do U.S. Bank
VoltarPor Cesar Bianconi e Aluísio Alves | Reuters Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - A venda da processadora de pagamentos eletrônicos Elavon no Brasil deve envolver 100 por cento do capital da empresa, incluindo os 51 por cento de participação do U.S. Bank, disseram à Reuters duas fontes familiarizadas com o assunto.
A Elo Participações, joint venture de Bradesco e Banco do Brasil, está negociando a compra integral da Elavon, disse a primeira fonte. Inicialmente, as conversas envolviam apenas a fatia de 49,9 por cento detida pelo Citigroup na subsidiária local da Elavon.
Ao longo das negociações, o Bradesco não aceitou que, em caso de manutenção do U.S. Bank na sociedade, o processamento dos pagamentos feitos no Brasil continuasse a ocorrer nos Estados Unidos, resultando no pagamento de tarifas em dólares, afirmou a segunda fonte.
Nenhuma das duas fontes informou o valor esperado da compra da Elavon no Brasil pela Elo, nem um prazo para um eventual anúncio do negócio.
Segundo as duas fontes, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) teria levantado questões sobre possíveis entraves à concorrência com a venda da Elavon, o que estaria atrasando o fechamento da transação.
Procurado, o Cade disse que "não comenta uma operação até que o edital referente ao ato de concentração" seja publicado no Diário Oficial da União. "Não há edital publicado sobre a operação mencionada", limitou-se a informar o órgão antitruste.
É comum, contudo, que partes envolvidas em operações de fusões e aquisições façam consultas informais ao Cade antes de protocolar o negócio no órgão antitruste.
BB e Bradesco já são os principais sócios da Cielo, líder em meios eletrônicos de pagamento no país.
A Elavon, embora tenha apenas entre 1 e 2 por cento desse mercado no Brasil, tem um produto mais simples e barato, e pode agregar serviços complementares à atuação da Cielo, disse a primeira fonte. A consolidação se daria num momento em que o cenário prolongado de fraca atividade econômica pôs fim a um ciclo de expansão acelerada dos meios eletrônicos de pagamento no Brasil, que tem levado o setor a oferecer maiores descontos nas taxas cobradas de lojistas em busca de manutenção do market share.
A Elavon estreou no Brasil em 2012 com meta de alcançar 15 por cento do chamado mercado de adquirência. Mas o plano sucumbiu à escala das rivais maiores Cielo, Rede (do Itaú Unibanco) e GetNet (do Santander Brasil), que juntas possuem mais de 90 por cento do mercado no país.
As relações entre os atuais sócios da Elavon no Brasil azedaram após o Banco Central brasileiro dizer que a joint venture precisava de um aumento de capital e o Citigroup ter se recusado a colocar dinheiro, disseram duas fontes à Reuters em novembro.
No mês passado, a Reuters publicou que a venda da fatia do Citi na Elavon no Brasil deveria ser anunciada em fevereiro.
Procurados sobre a operação que agora envolveria 100 por cento da Elavon no país, BB, Bradesco, Citigroup, Elavon e U.S. Bank disseram que não comentariam o assunto.
(Reportagem adicional de Leonardo Goy, em Brasília)