22/12/2015 - 99 tira ´taxis´ da marca e planeja lançar outros serviços
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Por Gustavo Brigatto | De São Paulo
Criada há três anos para aproveitar a onda dos aplicativos de transporte de passageiros, a 99 Taxis avalia ampliar sua esfera de atuação. A partir de janeiro, a companhia tirará o "Taxis" de sua marca, passando a se chamar apenas 99. Com essa mudança, ela quer abrir espaço para lançar outros serviços, como entregas.
A proposta segue uma tendência global entre as empresas de internet, de se tornarem verdadeiros guarda-chuvas, ou pontos de acesso a diferentes tipos de serviços. Há duas semanas, o Uber lançou nos EUA e no Canadá o aplicativo de entrega de comida UberEATS. A companhia já vinha fazendo experimentos na área de alimentação há algum tempo.
"A ideia sempre foi ser mais abrangente na oferta", disse ao Valor, Paulo Veras, cofundador da 99. Segundo ele, as primeiras incursões fora de sua área tradicional podem acontecer em 2016. Mas isso não está totalmente definido. "Tem gente que quer. Mas eu acho muito cedo. Prefiro continuar mais focado", disse o executivo.
Enquanto isso, a ideia é experimentar o modelo de novos serviços dentro do que a companhia já sabe fazer. O primeiro teste será feito com o lançamento do 99Top, um serviço de taxis de luxo que a companhia já está divulgando na cidade de São Paulo, mas que só entrará em funcionamento efetivo quando começarem a circular na cidade os táxis pretos - uma nova modalidade criada pela Prefeitura de São Paulo para tentar amenizar a polêmica da chegada do Uber. O Tribunal de Contas do Município suspendeu o processo, alegando que não teve tempo para analisar o edital. A prefeitura disse que prestará os esclarecimentos necessários para ter uma resposta rápida.
Em funcionamento há três anos, a 99 estima uma receita mínima de R$ 10 milhões e máxima de R$ 20 milhões em 2015. A empresa neste ano esforçou-se para ampliar os pagamentos feitos com cartão de crédito cadastrado dentro do aplicativo. Pelo modelo de negócios, ela não ganha nada quando o passageiro paga pela corrida em dinheiro, ou com cartão de crédito físico. Quando o pagamento é feito pelo aplicativo, a 99 fica com 9% da transação. Por mês, ela recebe quatro milhões de chamadas, sendo que metade delas são pagas eletronicamente.
Para estimular os taxistas a adotarem o modelo - em geral, eles trabalham com o 99Taxis e o Easy Taxi - a companhia vai ampliar a oferta de um cartão de crédito de marca própria com bandeira Mastercard que está em teste desde o fim do ano passado. A ideia é que, com ele, os taxistas recebam o dinheiro das corridas não em alguns dias, como acontece normalmente, mas em alguns minutos. Dentro do aplicativo, eles também poderão controlar suas finanças. A meta é ter todos os taxistas cadastrados - 150 mil atualmente - usando o cartão até o fim do ano que vem.
O salto da companhia em 2015 aconteceu por conta do investimento de US$ 40 milhões levantado com o fundo de investimento Tiger Global, um dos principais investidores em startups ao redor do mundo. Os recursos ajudaram a 99 a dobrar o número de funcionários (para 200) e investir no desenvolvimento do produto e também em marketing.
O salto da companhia em 2015 aconteceu por conta do investimento de US$ 40 milhões levantado com o fundo de investimento Tiger Global, um dos principais investidores em startups ao redor do mundo. Os recursos ajudaram a 99 a dobrar o número de funcionários (para 200) e investir no desenvolvimento do produto e também em marketing.
"Hoje os aplicativos respondem por só 10% dos R$ 20 bilhões de corridas de taxi feitas no Brasil todo ano. Tem muita gente que tem smartphone, mas não tem um aplicativo instalado", disse. Uma outra área importante, que tem apresentado o maior crescimento para a 99, segundo Veras, é o atendimento a empresas. Com as iniciativas para 2016, a expectativa de Veras é que a 99 fecho o ano atingindo o ponto de equilíbrio.