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24/09/2015 - Santander promete retorno de 15,6% em 2018 no Brasil

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Por Fabiana Lopes e Aline Oyamada | De São Paulo | Valor Econômico

À frente de cerca de 200 investidores e acionistas, em Londres, o Santander reuniu sua alta administração para dar projeções da operação do banco em todas as suas unidades para os próximos três anos. As promessas para o Brasil, em especial, passaram por temas que há tempos são alvos de crítica por parte do mercado, como qualidade de crédito e o retorno do banco.

O banco prometeu expandir seu retorno sobre o patrimônio (ROE), hoje num patamar de 12,8%, para 15,6% em 2018. Esse é um indicador bastante observado por analistas e investidores, especialmente porque os pares privados do Santander - Bradesco e Itaú - entregam um ROE superior a 20%.

Mesmo que a nova projeção ainda seja bem menor que a dos concorrentes, os analistas ainda veem desafios para que o banco a alcance. "Na nossa visão, a melhora do ROE para a operação do Brasil parece otimista, já que o Credit Suisse  espera uma profunda contração no PIB no próximo ano com uma adicional alta dos juros", avaliam os analistas do Credit.

Em sua apresentação sobre a filial brasileira, Sérgio Rial, presidente do conselho do banco destacou que o aumento da rentabilidade será consequência de uma melhora global dos indicadores do banco. Nesse sentido, a previsão é que o índice de eficiência - que indica quanto um banco gasta para gerar cada R$ 1 de receita - saia do patamar atual de 50% para 44,5%. Quanto menor esse índice, melhor.

O analista Lenon Borges, da corretora Ativa, diz que, apesar de as previsões serem possíveis, ainda há algumas dúvidas sobre o caminho que o banco trilhará para alcançá-las. "Em linha gerais, as projeções são factíveis, mas o desafio vai ser grande, principalmente na estratégia de aumentar a carteira de clientes e de expandir o ritmo de crescimento da receita de serviços", disse.

A previsão é que a base de clientes vinculados - aqueles que utilizam com frequência os serviços do banco - aumente em 1,4 milhão de clientes, atingindo 4,6 milhões de correntistas em 2018. Os clientes ativos devem passar de 16,6 milhões para 19,8 milhões.

O fato de o banco concorrer em um mercado em que o "market share" está bastante consolidado dificulta o aumento da base de clientes e a consequente expansão das receitas, segundo Borges. Além disso, não ficou claro como o Santander pretende trazer o ritmo de crescimento das receitas para um patamar de 10% em 2018, como prevê.

Os analistas também não ficaram muito certos sobre os rumos da carteira de crédito do banco. Sem destacar uma meta de crescimento para o estoque de empréstimos, o Santander disse apenas que a inadimplência de seu portfólio deverá ficar no mesmo patamar que a de seus pares em 2018. Os concorrentes do banco, no entanto, não divulgaram metas para o período. "Isto, na nossa visão indica que o cenário de qualidade dos ativos no Brasil se mantém altamente incerto e é uma fonte de riscos", escreveram em relatório os analistas do Credit Suisse.

No encontro com investidores, o banco espanhol destacou que continua a se concentrar nos portfólios de consignado e em pequenas e médias empresas. Na apresentação de Rial, houve a menção de que a taxa de retorno do empréstimo com desconto em folha deve ser maior que 25% entre 2015 e 2018.

Outro foco do Santander é crescer no segmento de pequenas e médias empresas, tornando-se líder de mercado. Dentro desse plano está a estratégia de expandir sua operação de credenciamento de cartões de modo que a GetNet seja responsável por mais de 14% do mercado de pagamentos eletrônicos até 2018. Atualmente, a fatia da credenciadora é de 8%, tendo processado R$ 37,612 bilhões em transações nos seis primeiros meses do ano, 45% mais que no mesmo período do ano passado.

A orientação a respeito do ganho de participação em mercados de maior retorno foi também parte do discurso de Ana Botín, no comando do grupo.

A executiva ressaltou que a instituição, do ponto de vista global, vai gerar capital de forma mais consistente e disse que, dentro da política de distribuir entre 30% e 40% do lucro, "o dividendo por ação aumentará a partir de 2016 e o lucro por ação alcançará um crescimento de dois algarismos em 2018". Ana destacou que o banco deverá gerar capital organicamente para atingir 11% de capital principal em 2018, ou antes.

A previsão do grupo Santander de alcançar um retorno total de 13% em 2018 foi recebida sem surpresas. Em relatório, os analistas do Citibank descreveram a projeção como sólida, mas destacaram que a estimativa não empolgou.

De forma geral, a divulgação de uma série de perspectivas para 2018 não desagradou o mercado, tampouco serviu para desenhar um novo cenário de otimismo em torno do grupo espanhol. A impressão de analistas brasileiros e estrangeiros é que os números não trazem um quadro muito distinto do que as previsões do mercado já traçavam. As units do Santander caíram 3,67% ontem na Bovespa, enquanto o Ibovespa cedeu 2%.

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