26/05/2015 - Crescem parcerias com fornecedor de TI a lojistas
VoltarPor Felipe Marques | De São Paulo | Valor Econômico
Costurar uma aliança com uma empresa que já fornece tecnologia ao varejo tem sido um dos principais caminhos que as credenciadoras de cartões têm buscado na tentativa de uma oferta mais ampla de serviços aos lojistas. A Cielo anunciou no ano passado uma joint venture com a Linx, o Santander tem investido na Auttar e a Rede (ex-Redecard) costurou uma série de parcerias com empresas que ofertam tecnologia ao varejo.
Na GetNet, por exemplo, a Auttar, que fornece tecnologia ao comércio, incluindo terminais TEF (que fazem gestão de pagamentos em grandes lojistas), é elemento fundamental na estratégia de dar novas opções ao varejo. A Auttar foi comprada em 2007 pela GetNet e acabou indo para debaixo do Santander no ano passado quando o banco resolveu arrematar a GetNet por R$ 1,1 bilhão. Até então, Santander e GetNet tinham uma joint venture em credenciamento de cartões, que não incluía a Auttar.
"A Auttar nos dá a possibilidade de discutir necessidades tecnológicas específicas para cada cliente. Era uma empresa que estava adormecida dentro da GetNet e estamos potencializando", afirma Pedro Coutinho, presidente da GetNet. Ele conta que o banco investiu cerca de R$ 5 milhões nessa área nos últimos 12 meses. Clientes de longa data da Auttar, como a Máquina de Vendas, têm passado a capturar transações de cartão com a GetNet.
O caso da Bematech mostra que não só as empresas de pagamento se beneficiam ao se aproximar das de tecnologia, mas que o inverso também é verdadeiro. Depois de firmar inicialmente acordo com a Elavon, credenciadora do Citi, a empresa de automação comercial virou parceira da Rede em um projeto para lojistas de menor porte e passou a distribuir serviços da GetNet neste ano.
"Em alguns acordos, ganho uma participação da taxa cobrada do lojista nos pagamentos com cartão", afirma Cleber de Morais, presidente da Bematech. "A combinação entre meio de pagamento e serviços traz uma receita mais recorrente". Segundo ele, as receitas com distribuição de serviços de pagamento subiram 35% no último ano, sem abrir os valores absolutos.
Aumentar a proximidade de quem fornece tecnologia ao varejo dá às credenciadoras uma alternativa de distribuição de seus produtos. A Auttar, por exemplo, tem 12 mil clientes que, em alguns casos, podem virar também clientes do Santander na captura de cartões. Foi o caso da Máquina de Vendas.
Fernando Campana, diretor de tecnologia da informação da Máquina, conta que a varejista trabalha há dois anos e meio com a Auttar em um projeto que a ajuda a administrar, em um sistema central, os diversos pagamentos com cartão feitos em suas lojas - cada um com uma tarifa de desconto diferente, parcelamentos e taxas de antecipação distintas. "Posteriomente à [parceria com a] Auttar, passamos a ter uma parceria de captura com a GetNet".
A Cappta fornece tecnologia de pagamentos para varejistas menores em praças como Goiás e Pernambuco e acredita que o acordo com a Rede vai ajudar seus clientes a ter acesso a uma taxa melhor de desconto por transação do que conseguiriam por si. "Conseguimos oferecer a varejistas menores serviços e tecnologia que ele não teria sozinho com uma grande credenciadora", afirma Rodrigo Rasera, sócio da Cappta. A empresa planeja encerrar o ano com R$ 8 bilhões em compras passando por seu sistema.