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30/10/2014 - Cielo vê cenário complexo para 2015 mesmo em cartões

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Por Felipe Marques | De São Paulo | Valor Econômico

Dias, da Cielo: Norte e Nordeste do país devem apresentar percentuais interessantes de crescimento em cartões

O ano de 2015 promete ser difícil para todo mundo. Mesmo a Cielo, que frequentemente integra as listas de apostas "defensivas" do mercado acionário brasileiro, soou o alerta entre investidores e analistas ontem para os possíveis efeitos da desaceleração da economia no ano que vem sobre os seus resultados.

O presidente da credenciadora de cartões, Rômulo de Mello Dias, afirmou que o cenário macroeconômico do ano que vem será "desafiador". "Podemos sofrer as consequências de um desaquecimento acentuado do consumo", disse, em conferência sobre os resultados do terceiro trimestre da empresa. A Cielo captura os pagamentos com cartões no varejo - menos consumo, portanto, tende a diminuir sua receita.

A letargia da atividade econômica brasileira já mostrou seus efeitos sobre o setor de cartões neste ano. A Cielo apostava que a indústria de cartões avançaria entre 16% a 18% em 2014. Passados mais de dois terços do ano, o crescimento deve ficar mais próximo do piso da projeção, afirma Dias. É um desempenho ainda robusto - em especial se comparado aos demais segmentos da economia -, mas abaixo dos 17,8% que o setor avançou em 2013. Para 2015, a expectativa da Cielo é de um crescimento da indústria "ligeiramente menor" que o de 2014.

Especificamente no terceiro trimestre, os volumes de compras capturados pela companhia desaceleraram. O volume financeiro de transações foi de R$ 128,8 bilhões, aumento de 13,8% em relação ao mesmo período de 2013. No segundo trimestre, o avanço havia sido de 17,93%. O lucro líquido da companhia cresceu 18,5% na mesma comparação, para R$ 817,4 milhões

Em cartões de crédito, o volume capturado pela Cielo foi de R$ 78,6 bilhões, um acréscimo de 11% em relação a 2013. No cartão de débito, o volume financeiro foi de R$ 50,2 bilhões, com alta de 18,3% na mesma comparação. Boa parte da desaceleração se deve a uma menor expansão do Agrocard, cartão considerado de débito e voltado para o produtor rural.

Dias lembrou que a Cielo é beneficiada pela alta da inflação no curto prazo, uma vez que os reajustes aumentam os volumes de compras capturados pela companhia. Esse benefício, porém, é limitado pelo impacto que essa elevação tem sobre a renda.

Se a economia joga contra, a Cielo tem a seu favor uma série de outros fatores que fomentam seu desempenho. A substituição de pagamentos em cheque ou em dinheiro por cartões ajuda a incrementar as receitas da companhia, mesmo em um cenário adverso. "A indústria de cartões vai apresentar percentuais interessantes de crescimento no Norte e Nordeste do país. E nós temos posicionamento diferenciado nessas regiões em relação ao mercado", afirmou Dias.

Não só a força de vendas própria da credenciadora, como também as agências bancárias de seus controladores, Bradesco e Banco do Brasil, facilitam a expansão geográfica. A Cielo também vê espaço para acelerar a aceitação de cartões em segmentos como saúde e educação, o que ajuda a compensar a desaceleração econômica.

A depender dos concorrentes, porém, a Cielo vai ter que trabalhar duro para preencher esses espaços. "Temos visto os concorrentes baixando preço", afirmou Dias, para quem a concorrência ficou mais agressiva desde junho e se manteve assim desde então.

A disputa tem ocorrido principalmente em lojistas de pequeno e médio porte, afirma o executivo, e a pressão vem tanto de novos competidores - nomes como Banrisul, Elavon, Global Payments entre outras - como dos já estabelecidos - Rede (ex-Redecard) e Santander.

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