13/06/2024 - Powell modera euforia em Wall Street com inflação amena
VoltarPor: Valor Econômico
A postura cautelosa do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e de seu presidente, Jerome Powell, na decisão de política monetária de ontem moderou o bom humor dos investidores após a euforia com os resultados abaixo do esperado do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) americano em maio.
Durante a manhã, o CPI mostrou estabilidade da inflação americana entre abril e maio, o que resultou em uma taxa anual de 3,3%. Já o núcleo do indicador, que exclui os preços voláteis de energia e alimentos, subiu 0,2% na margem e 3,4% na base anual. Todos os números vieram 0,1 ponto percentual abaixo do que o mercado projetava.
O CPI benigno deflagrou um amplo apetite por risco em Wall Street, e as bolsas de Nova York logo bateram recordes históricos e as taxas dos Treasuries operaram nos seus menores níveis em mais de dois meses. A decisão do Fed e a entrevista de Powell, contudo, pioraram o desempenho dos ativos à medida que sinalizou para uma condução ainda conservadora da política monetária, apesar da surpresa positiva com os dados divulgados ontem.
Assim, as bolsas de Nova York se afastaram das máximas intradiárias e fecharam sem direção única, com o índice Dow Jones em leve baixa de 0,09%, a 38.712,21 pontos. Já o S&P 500 subiu 0,85%, a 5.421,01 pontos, e o Nasdaq avançou 1,53%, a 17.608,44 pontos, ambos alcançando novos patamares recordes pelo terceiro pregão consecutivo.
Já o rendimento da T-note de 2 anos recuou a 4,756%, de 4,838% no fechamento anterior, mas distante da mínima de 4,678% atingida logo depois do CPI. O rendimento da T-note de 10 anos teve comportamento similar e caiu de 4,405% a 4,322%, após bater 4,252% no menor nível intradiário. Por fim, o retorno do T-bond de 30 anos recuou de 4,537% a 4,478%, após bater 4,419% mais cedo.
Apesar do Federal Reserve mais conservador, o mercado continuou precificando dois cortes de juros em 2024 a começar pela reunião de setembro do comitê, conforme mostrou o levantamento do CME Group.
Segundo Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas, isso se deve à divisão nas expectativas dos próprios membros do banco central americano. Ela ainda pontua que o Fed passou a projetar quatro cortes em 2025, o que demonstra que ainda há chance de que o ciclo de flexibilização monetária siga o cenário base dos investidores.