12/06/2024 - FiServ, parceria da Caixa em adquirência, prevê dobrar receita em 3 anos
VoltarPor: Valor Econômico
Apesar de ser pouco conhecida do grande público no Brasil, a FiServ é uma gigante americana com receita trimestral de quase US$ 5 bilhões. A empresa de tecnologia de pagamentos atua fora dos holofotes, fornecendo infraestrutura para transações com cartão, e também como adquirente. O CEO para Brasil, Jorge Valdivia, diz que tem planos de dobrar a receita no país em três anos, com interesse em novas aquisições, após ter feito duas compras recentemente.
A companhia tem diversas frentes de atuação, mas uma das principais apostas no mercado brasileiro é a operação de adquirência no balcão da Caixa.
A FiServ tem basicamente duas verticais de negócio, a linha em que presta serviços para instituições financeiras e a adquirência. Globalmente, a primeira vertical responde por cerca de 40% da receita, enquanto a adquirência fica com os outros 60%. No Brasil, até mesmo por causa acordo com a Caixa, anunciado em 2021, o credenciamento tem uma fatia maior, em torno de 90%.
O balcão do banco estatal representa quase 20% da receita da FiServ no Brasil, e a Caixa sinalizou recentemente que tem metas ambiciosas, de chegar a uma fatia de 10% no mercado de adquirência em cinco anos. A América Latina contribui com 6% do faturamento global do grupo.
“A Caixa é uma oportunidade fantástica. Ela viu na FiServ flexibilidade e ‘time to market’ [agilidade em lançar o produto]. Colocamos a operação no ar em todo o país em 90 dias e continuamos inovando com eles desde então. Os volumes estão crescendo e temos certeza que os investimentos vão dar frutos”, diz Valdivia.
Além de dar treinamento para os gerentes da Caixa, a FiServ tem um time de executivos espalhados no Brasil para ajudar nas vendas. “Foi uma grata surpresa trabalhar com a Caixa, eles têm uma equipe fantástica, uma cultura de execução”, acrescenta.
O CEO diz que no ano passado a companhia investiu US$ 70 milhões em tecnologia no Brasil e neste ano pretende investir 15% a mais. Isso inclui aportes em sistemas proprietários e possíveis aquisições. Em outubro, comprou a startup brasileira Skytef, que distribui softwares de transferência eletrônicas de fundos. Depois disso, adquiriu a fintech curitibana Sled, que oferece serviços de troco digital e deve ser incluída na plataforma de Pix do grupo. “Sem dúvidas teremos mais aquisições, temos um apetite importante e temos conversas ativas em diferentes segmentos. Estamos sempre buscando oportunidades no mercado, que nos tragam sinergia, integração de plataformas e agreguem valor aos nossos clientes”, diz.
A FiServ deve lançar em breve no Brasil o Clover, terminal de pagamentos (POS) com plataforma de gerenciamento de negócios e ponto de venda. Os dispositivos, muito populares nos Estados Unidos, vêm com uma série de ferramentas de gestão. “A adquirência hoje é uma commodity, o que acaba gerando uma guerra de preços. O nome do jogo é diferenciação, e o Clover tem um papel importante nisso. Ele não é só um dispositivo, é um ecossistema que permite gerenciar as contas”. Também lançou recentemente a nova versão do seu First Vision, voltado a qualquer instituição de pagamento que tenha interesse em fazer emissão de cartão. Segundo a empresa, é o primeiro processamento de cartões na nuvem.
A FiServ também tem no Brasil uma licença de sociedade de crédito direto (SCD), por meio da qual faz as operações de antecipação de recebíveis da sua adquirente. Entretanto, Valdivia diz que não há intenção de virar banco, mesmo em meio às integrações que têm sido vistas no mercado, com Bradesco e Banco do Brasil fechando o capital da Cielo, assim como Santander já tinha feito com Getnet e Itaú com Rede, sem falar na PagSeguro, que nasceu como adquirente e depois criou um banco digital. “Não temos planos de virar um banco e competir com nossos clientes. Somos provedores de serviços tecnológicos para instituições financeiras. Nosso objetivo é sempre aceitar o maior número possível de meios de pagamento existentes no mercado”, afirma.