03/05/2024 - Brasil é 2º maior em pagamento instantâneo
VoltarPor: Valor Econômico
Com o avanço do Pix, o Brasil se consolidou como o segundo país que mais usou pagamentos instantâneos em 2023. No ano passado, foram 37,4 bilhões de transações, um salto de 77,9% sobre o ano anterior. O Brasil ficou atrás apenas da Índia, que registrou 129,3 bilhões de transações. As informações são do Prime Time for Real-Time 2024, feito pela ACI Worldwide, empresa de software de pagamentos em tempo real, em parceria com a GlobalData, de análise e dados globais. É a quinta edição do relatório.
O estudo estima que os pagamentos em tempo real devem continuar com forte expansão no país. A previsão é que, em 2028, essas transações somem 115,8 bilhões, o que representa uma taxa composta de crescimento anual de 25,4%. É esperado ainda que os pagamentos instantâneos passem a representar metade do total de pagamentos eletrônicos no país até 2028. No ano passado, essa participação foi de 36%.
O ranking das cinco economias que mais usam pagamentos em tempo real é composto ainda por Tailândia (20,4 bilhões), China (17,2 bilhões) e Coreia do Sul (9,1 bilhões). No mundo, foram registradas 266,2 bilhões de transações em tempo real em 2023, um crescimento anual de 42,2%. Até 2028, a previsão é de 575,1 bilhões de pagamentos instantâneos. Ao todo, foram 51 países analisados.
O desempenho do Brasil é puxado pela popularização do Pix e pelo contexto de digitalização da economia, diz o líder da ACI Worldwide no Brasil, Vlademir Santos. No caso do país, o estudo considera como pagamentos em tempo real o Pix, lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central, e as TEDs. “O BC, como regulador, tem um importante papel nesse processo, de criar a infraestrutura do Pix, tornar a adesão obrigatória e atuar na agenda de modernização”, afirma.
O avanço dos pagamentos em tempo no real no país, de acordo com a pesquisa, será impulsionado pela maior utilização do Pix também no varejo e pelas novas funcionalidades que ainda entrarão em vigor. O instrumento se popularizou primeiro nas transferências entre pessoas. Embora o uso para pagamentos de compras venha aumentando gradativamente, a avaliação é que ainda há muito espaço para crescimento. Segundo dados do BC, as transações de Pix entre pessoas e empresas representaram 38% do total de operações em março. Um ano antes, esse percentual era de 27%.
Santos observa, no entanto, que as dificuldades envolvendo contratação e remuneração de servidores no BC são um fator de risco para as projeções de crescimento. “O BC tomou a decisão de ser o elo da cadeia no Pix e há expectativa de lançamento de novos produtos. Mudanças nessa agenda afetam o mercado”, afirma. Atualmente, o Pix Automático, de pagamentos recorrentes, está previsto para ser lançado em outubro. Há ainda outros itens na agenda sem previsão de lançamento, como o Pix Garantido e o internacional.
Outro ponto destacado no relatório diz respeito à segurança. A ACI considera que esse é um ponto de atenção no país, mas observa que o BC vem estabelecendo respostas fortes. O responsável global de inteligência de pagamentos e soluções de risco da ACI Worldwide, Cleber Martins, afirma que, apesar das medidas já em andamento, ainda há muito a se fazer nessa frente. “O Pix vai ficar muito mais seguro se a instituição que está iniciando a transação começar a conversar mais com aquela que está recebendo. Essas duas partes têm que começar a colaborar”, afirma. “O BC já está começando a tomar medidas para criar essa mentalidade de cooperação.”
A ACI diz ainda que países da América Latina buscam replicar o sucesso do Brasil nos pagamentos instantâneos e são esperados avanços nos próximos anos em locais como Colômbia e Peru. Em 2023, o Brasil foi responsável por 75% das transações em tempo real na região. Em relação aos EUA, observa que é o “grande mercado em crescimento a ser observado”, principalmente após o lançamento do FedNow, pagamento em tempo real disponibilizado em 2023 pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).