22/04/2024 - Stone prevê que maquininha não será mais principal porta de entrada de clientes
VoltarPor: Valor Econômico
A credenciadora Stone está “relançando” sua conta para pessoa jurídica. Criada no fim de 2020, a conta já tem 2,1 milhões de clientes, mas agora está mais madura, ganhará novas funcionalidades e deve trazer mudanças para a companhia. Com a licença de financeira obtida em janeiro, a Stone deve em breve começar a emitir CDBs, barateando seu funding, e no futuro prevê que a maquininha de cartão não será mais a principal porta de entrada de clientes.
“O lançamento desse produto serve como uma nova maneira de trazer gente para a Stone, a possibilidade de explorar outros mercados. Seremos ‘conta first’, e não mais ‘maquininha first’. Estamos evoluindo o posicionamento para trazer a conta como o centro da oferta”, explica o diretor que cuida da divisão de pequenas e médias empresas (SME), Mateus Biselli.
O movimento da Stone é parecido com o do rival PagBank, que começou como credenciadora e depois passou a oferecer conta, o que levou inclusive à mudança do nome original, PagSeguro. A diferença é que o PagBank oferece conta para pessoa física, enquanto a Stone só para PJ, e focada em pequenas e médias empresas (PMEs). “A conta PJ é um centro de gravidade para a jornada do empreendedor. Nós queremos ser como se fosse o ‘sistema operacional’ do negócio dele”, diz o diretor Lucas Pérez, de serviços bancários.
Biselli explica que a conta é baseada em três pilares: ajudar o cliente a vender, gerir o negócio e girar os estoques. Para o primeiro pilar, de vendas, são oferecidas diversas ferramentas de cobrança, como Pix, boleto, link de pagamento, maquininha, entre outros; no segundo pilar, de gestão, há os instrumentos clássicos de crédito e débito, conciliação, e novidades como o “Pix em lote”, que permite criar grupos fixos e realizar uma série de transferências de uma só vez; e no terceiro pilar, de estoques, o principal produto é mesmo o capital de giro.
A Stone já tem também a Super Conta TON, focada em microempreendedores individuais (MEI), que possui características diferentes e vai continuar operando de forma separada.
“Nossa missão é ajudar os empreendedores brasileiros. E nem todo empreendedor usa maquininha. Com essa posição da ‘conta first’, teremos uma oferta 100% digital, com uma jornadas diferente, focada nas dores desses clientes”, explica a diretora de estratégia, Lia Matos. Para clientes um pouco maiores, também será possível integrar a conta com os softwares de gestão (ERP) da Linx, adquirida pela Stone em 2020.
Ela explica que o relançamento da conta PJ não altera os guidances da companhia, de atingir este ano mais de R$ 7 bilhões em depósitos de clientes e chegar a 2027 com R$ 14 bilhões. Para a carteira de crédito, as metas são de R$ 800 milhões este ano e R$ 5,5 bilhões em 2027. Segundo a executiva, a Stone está satisfeita com a oferta de crédito, relançada no ano passado após tropeços iniciais. “Sabemos que há uma grande demanda dos clientes por crédito, mas temos uma visão de crescimento conservadora. O crédito vem escalando e estamos superfelizes com os resultados, mas ainda precisa maturar.”
Pérez diz que muitas outras funcionalidades ainda serão acrescentadas na conta PJ, como o Stone Reserva (para ajudar o empreendedor a guardar dinheiro), melhorias no cartão de crédito, folha de pagamento e na elaboração de relatórios. “Queremos oferecer ao cliente ‘reports’ que ajudem com dados de inteligência para ele melhorar o negócio dele.” A conta não tem tarifas ou pacotes de serviços, mas alguns produtos são cobrados a partir de determinados volumes.