29/09/2023 - Pix alcança 100% de aceitação em grandes lojas on-line
VoltarMariana Ribeiro | Valor Econômico
Prestes a completar três anos, o Pix atingiu 100% de aceitação nas maiores lojas on-line do país. É o que mostra a edição mais recente do Estudo de Pagamentos Gmattos, antecipado ao Valor. Com isso, o instrumento de pagamento instantâneo empata com o cartão de crédito, até então líder absoluto em disponibilização no e-commerce.
A medição, realizada desde o início de 2021, analisou 59 lojas on-line de destaque no mercado brasileiro em setembro. Na análise anterior, feita em julho, o Pix era ofertado como opção de pagamento em 94,9% dos estabelecimentos e a estimava era a de que sua aceitação pudesse chegar a 96% neste ano.
Para o cofundador e CEO da consultoria, Gastão Mattos, a previsão pode ter sido ultrapassada tanto pela superação de barreiras tecnológicas para integração quanto por preparação das lojas para os eventos de fim de ano, particularmente Black Friday e Natal.
A inclusão do Pix no “checkout” não é um trivial. Ele explica que as compras on-line sempre foram pensadas em duas etapas: primeiro, há a autorização da compra e, depois, a confirmação. Nesse intervalo, o varejista pode fazer uma checagem de estoque, por exemplo. “O Pix quebra a lógica das duas pernas e o pagamento é feito de forma direta. A loja precisa se adaptar a isso”, afirma.
Os estabelecimentos menos propensos a aceitar o Pix são, em geral, aqueles que oferecem produtos de tíquete médio mais elevado, onde o pagamento à vista é menos utilizado. É o caso, por exemplo, de empresas ligadas ao setor de turismo. “A adoção por 100% das lojas analisadas é sinal de que, no on-line, o Pix tem um encaixe impressionante. No mundo físico, onde a experiência do consumidor não é tão simples, ainda não é assim”, comenta Mattos.
O estudo mostra ainda que, em setembro, 42% das lojas ofereciam alguma vantagem para pagamento com Pix, maior percentual observado na medição. “Muitas vezes são ofertas específicas, só para alguns itens, mas a tendência é que isso aumente. O lojista quer uma maior participação da modalidade. ”
Os dados da Gmattos consideram apenas as transações diretas de Pix, ou seja, de pagamento à vista. Os parcelamentos eventualmente oferecidos em cima da modalidade ficam na categoria de “buy now, pay later” (compre agora, pague depois, ou BNPL), o chamado “crediário digital”. Na sondagem de setembro, a modalidade era oferecida em 32,2% das lojas analisadas, contra 30,5% na edição anterior. Quando, no futuro, entrar em vigor a função de crédito via Pix, a ser lançada pelo BC, provavelmente será criada uma nova categoria no estudo, explica Mattos.
A oferta de BNPL é dividida hoje entre fintechs (36,8% do total), varejistas (36,8%) e bancos e financeiras (26,3%). Embora o cenário adverso para o crédito imponha desafios, especialmente para fintechs que atuam no setor, Mattos vê potencial de crescimento no segmento, ainda mais nesse momento em que os parcelamentos sem juros no cartão estão no centro das discussões, em meio aos debates sobre mudanças no rotativo.
O consultor observa que tem havido um movimento orgânico do comércio eletrônico de reduzir o número máximo de parcelas sem juros, que, em setembro, ficou em cinco. No mês, também foi notado um número recorde de lojas aceitando cartão de crédito apenas na modalidade à vista, com 27,1% adotando a prática. Só 3,4% dos estabelecimentos ofereciam desconto à vista no cartão. “O BNPL pode crescer nesse cenário”, afirma.
Em setembro, 67,8% das lojas ofereciam a opção de pagamento por boleto, percentual maior que o registrado em julho, de 64,4%, mas menor que o de um ano antes, de 75,8%. O débito, por sua vez, que foi fortemente afetado pelo Pix, era ofertado em 27,1% dos estabelecimentos, percentual que vem se mantendo relativamente estável.
A Gmattos trouxe ainda uma análise sobre fraude nesta edição, na qual calculou que o custo médio da área para lojistas on-line é de 1,9% da receita, considerando a contratação de ferramentas antifraude e os “chargebacks” (contestações de compras no cartão pelo cliente). Para a consultoria, uma redução de 50% do gasto implicaria em 30% de melhoria no Ebitda. Já o aumento de cinco pontos percentuais da conversão de pagamento com cartão (de 70% para 75%) poderia dobrar o Ebtida da operação lojista, estima.