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25/07/2023 - Cartão de plástico reciclado ou biodegradável ganha espaço

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Por Rodrigo Carro | Valor Econômico

A demanda por cartões de pagamento feitos a partir de materiais sustentáveis - reciclados ou biodegradáveis - explodiu no último ano. A francesa Thales estima para 2023 uma produção de 30 milhões de cartões sustentáveis em sua fábrica em Pinhais (PR), onde são produzidos também “chips” (SIM cards) para o mercado de telefonia móvel. Em relação ao ano passado, a demanda por esse tipo de produto foi multiplicada por dez. No Brasil, o caso da Thales está longe de ser exemplo isolado.
 
“O mercado está bem mais aquecido”, afirma Cristina Bonafé, diretora de banking e soluções da unidade de pagamentos e transações digitais financeiras da Valid. Empresa de capital aberto, a Valid é responsável por pelo menos 25% dos cartões emitidos no país. Embora tenha iniciado cinco anos atrás a produção de cartões a partir de material reciclado no Brasil, foi somente em 2022 que a Valid percebeu evolução da demanda por cartões reciclados.
 
A partir deste ano aumentou a frequência de conversas e a quantidade de clientes bancários que estão abertos ao tema se elevou significativamente - a empresa não detalha números relacionados a esse nicho específico. Dados públicos disponíveis no site de relações com investidores da companhia indicam que, no período de 12 meses terminado em março deste ano, o negócio de cartões bancários respondeu por aproximadamente 30% da receita líquida da Valid, que totalizou R$ 1,96 bilhão.
 
Em termos globais, a demanda por cartões é de mais de 3 bilhões de unidades por ano, o equivalente a 17 mil toneladas de plástico, informa Cássio Batoni, diretor de marketing e desenvolvimento de negócios para bancos e pagamentos da Thales na América Latina. Dentro do segmento, o potencial de crescimento dos produtos sustentáveis é vasto: 90% dos cartões são fabricados com PVC “virgem”.
 
Um cartão equivale a uma garrafa PET de 500 mililitros”
— Cássio Batonimo
 
O reaproveitamento dos materiais utilizados na confecção de cartões plásticos abrange 85% do produto. O chip e a antena (no caso dos cartões para pagamento sem contato) ainda não são reutilizados.
 
A Thales fabrica no país cartões sustentáveis tanto a partir de PVC reciclado como de garrafas PET e plástico biodegradável produzido à base de amido de milho. “Um cartão equivale a uma garrafa PET de 500 mililitros”, diz Batoni. Quarenta por cento dos cartões produzidos pela Thales são do tipo sustentável. A gama de produtos foi ampliada a partir da demanda dos clientes, explica o executivo.
 
O C6 Bank, por exemplo, lançou seu primeiro cartão biodegradável em dezembro de 2021. “Enquanto um cartão de plástico comum leva cerca de 400 anos para se decompor completamente, o cartão Acqua leva de seis meses a dois anos em condições adequadas de compostagem”, compara Marina Mancini, gerente de impacto da instituição financeira.
 
Desde dezembro de 2021, o banco emitiu 900 mil cartões biodegradáveis. Desse total, 200 mil foram emitidos neste ano. “Vemos uma aceleração nos pedidos”, comenta Mancini.
 
Na Valid, os cartões sustentáveis são manufaturados exclusivamente a partir de aparas de PVC - são as sobras que restam cada vez que uma placa de plástico é cortada para produzir cartões. Antes, esses resíduos eram desprezados. A Valid fabrica ainda, na Espanha, SIM cards “compostáveis”. Em condições ideais, o produto se decompõe 18 meses após ser descartado. Os chips são enviados em embalagens de papel, de forma a reduzir o impacto ambiental.
 
Batoni, da Thales, grupo com atuação nas áreas de defesa e aerospacial, destaca a importância de pensar também toda cadeia produtiva em torno do produto “verde”. “Não adianta só oferecer um produto [sustentável] para o mercado, porque isso pode ser visto como ‘greenwashing’”, argumenta o executivo, referindo-se à prática de “maquiar” o impacto das atividades de uma companhia sobre o meio ambiente.

 

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