23/03/2022 - PagSeguro registra lucro 19,8% menor no 4º tri
VoltarPor Mariana Ribeiro e Álvaro Campos | Valor Econômico
A PagSeguro registrou um lucro líquido de R$ 301,3 milhões no quarto trimestre de 2021, o que representou queda de 19,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Com isso, a companhia obteve um lucro líquido de R$ 1,17 bilhão no ano, recuo de 9,8% sobre 2020.
O menor lucro se deu mesmo frente a um aumento de receita e do volume de pagamentos processados (TPV) no período. Nos últimos três meses de 2021, a receita líquida ficou em R$ 3,2 bilhões, alta 55% em 12 meses. Já o TPV alcançou R$ 147,1 bilhões, crescimento anual de 76,4%, conforme já havia sido divulgado em fevereiro na prévia operacional. As despesas totais, por sua vez, ficaram em R$ 2,868 bilhões, um avanço de 82,1%.
Em teleconferência com investidores, o co-CEO da PagSeguro Alexandre Magnani afirmou que o TPV da companhia continuou crescendo nos primeiros meses deste ano (alta de 48% em janeiro e de 58% em fevereiro). A expectativa, acrescentou, é que o lucro da companhia fique entre R$ 360 milhões e R$ 370 milhões no primeiro trimestre e a receita, entre R$ 3,3 bilhões e R$ 3,4 bilhões.
Em relação ao efeito da alta dos juros sobre o negócio, o co-CEO Ricardo Dutra afirmou que a “take rate” (taxa cobrada em cada transação) já subiu 0,15 ponto percentual desde o quarto trimestre de 2021 e que a empresa espera concluir o processo de reprecificação até abril.
De acordo com os executivos, a depender do cenário macroeconômico e da trajetória da Selic, novos ajustes de preços podem ser necessários. Dutra disse não acreditar mais que as margens ficarão estáveis no ano, dado que os juros subiram mais que o esperado - e há um descasamento temporal em relação ao movimento de reprecificação feito pela companhia.
O executivo afirmou, no entanto, que a performance da companhia não depende necessariamente do cenário macroeconômico. De acordo com ele, apesar dos fatores de incerteza, a empresa tem flexibilidade para explorar oportunidades.
Sobre a área de crédito, afirmou ainda que a PagSeguro tem sido mais conservadora na concessão de crédito, também em função do cenário macroeconômico mais volátil. O vice-presidente financeiro, Artur Schunck, disse que a companhia “não tem pressa de acelerar“ a concessão.
O executivo destacou que, em 2021, a antecipação de recebíveis teve aumento mais rápido que o TPV. A carteira de crédito teve alta anual de 212% no quarto trimestre, para R$ 1,9 bilhão.
A PagSeguro encerrou o ano passado com 7,7 milhões de comerciantes ativos, uma alta anual de 9,4%. No PagBank, o banco digital da companhia, os usuários ativos somaram 13,1 milhões, avanço de 66,2%.
Já a receita do banco teve crescimento de 63% em 2021, para R$ 916,9 milhões. O lucro bruto aumentou 20%, a R$ 498 milhões. Segundo a PagSeguro, 9% de todas as transações de Pix no Brasil são feitas pelo PagBank.
Na teleconferência, Dutra afirmou que o banco deve atingir o “breakeven” (equilíbrio entre receitas e custos) no fim deste ano ou no início do próximo. Magnani destacou ainda que a taxa de ativação no PagBank é alta, de quase 60%. Além disso, quase 50% dos clientes usam a instituição como principal banco, percentual que era bem menor, de 35%, em janeiro do ano passado.