14/09/2021 - De olho na alta renda, Santander terá cartão da American Express
VoltarPor Álvaro Campos | Valor Econômico
Após 15 anos da venda de sua operação no Brasil para o Bradesco, a American Express está agora ampliando o leque de parceiros e anuncia seu primeiro novo acordo, com o Santander.
O banco é o terceiro maior emissor no mercado de cartões de crédito brasileiro, com uma fatia de cerca de 12,8% no volume transacionado, segundo projeção baseada em dados da Abecs, a associação das empresas do setor. O Santander ultrapassou recentemente o Banco do Brasil (12,4%) e está atrás do Bradesco, com 15%, e do Itaú Unibanco, com 29,5%.
“Os cartões da Amex têm muitos benefícios, vantagens exclusivas, estão muito associados a viagens, entretenimento. Existe um desejo dos clientes de terem esse cartão”, conta Rogério Panca, diretor de cartões do Santander. Ele não revela metas de número de cartões a ser emitidos, mas diz que serão oferecidos também em “mar aberto”, ou seja, para quem não é cliente do banco. “É um produto superimportante para nosso posicionamento no segmento de alta renda.”
O Santander vai oferecer três versões dos cartões American Express: o Gold, para quem tem renda acima de R$ 8 mil e que terá anuidade de R$ 550; o Platinum, para renda cima de R$ 20 mil e com anuidade de R$ 1.450; e o Centurion, o mais exclusivo, que só é oferecido via convite, para clientes com investimentos significativos no banco, e para o qual o Santander não revela a anuidade. Nenhum tem limite de crédito estabelecido - os valores vão evoluindo conforme o uso.
Os clientes terão acesso a dois programas de fidelidade, o Esfera, do Santander, e o Membership Rewards, da Amex. O Platinum vai render 2,2 pontos para cada dólar gasto; o Gold, 1,2 ponto. Em uma promoção de lançamento, o Santander vai dar 10 mil pontos no Platinum e 5 mil pontos no Gold. Os pontos não expiram. Todos os cartões possuem chip e a tecnologia NFC, para pagamento por aproximação. “No ano passado, 3% das compras com nossos cartões eram por aproximação, e agora já estão em 20%. É uma forma de pagamento mais fácil e ‘limpa’, que ganhou um impulso muito forte com a pandemia”, afirma Panca.
Carolina Lamiaux, que assumiu recentemente como CEO da American Express Brasil, afirma que o país é um mercado importante para a companhia e que a estratégia de expansão é por meio de parcerias. “Vemos uma oportunidade de forte crescimento. Vamos focar na expansão da base de clientes, temos espaço para fazer a diferença, criar uma proposta de valor muito interessante para os clientes”, diz, sem revelar o número atual de cartões no país. A Amex já tem parcerias com o Santander em outros países da região, como Argentina, Chile e México.
Ela aponta que a Amex tem um programa de benefícios muito forte no segmento de viagens e os clientes contarão com acesso a salas VIP em diversos aeroportos, inclusive o de Congonhas.
O Bradesco comprou as operações da Amex no Brasil em 2006, por US$ 490 milhões, que na ocasião equivaliam a R$ 1,04 bilhão. Foram transferidas para o banco operações de cartões de crédito, corretagem de seguros, serviços de viagens, de câmbio no varejo e operações de Crédito Direto ao Consumidor (CDC). O acordo dava ao Bradesco exclusividade de emissão dos cartões da linha Centurion por dez anos, com a possibilidade de renovação por mais dez anos. Na ocasião, a Amex tinha 1,2 milhão de cartões em circulação no mercado brasileiro.
Questionado sobre por que a exclusividade com a Amex não foi prorrogada por um segundo prazo de dez anos, o Bradesco afirmou apenas que “ao término do acordo de exclusividade as partes resolveram seguir com um novo modelo de negócio”. “Para nós, a concorrência é vista sempre de forma positiva. Ter outros emissores da Amex no Brasil nos faz aprimorar ainda mais a oferta para que o cliente encontre um produto cada vez melhor”, disse a Amex.