24/08/2021 - Ton, da Stone, ‘transforma’ celular de empreendedor em maquininha
VoltarPor Álvaro Campos | Valor Econômico
A Ton, subsidiária da Stone voltada para microempreendedores, lança nesta terça-feira o TapTon, solução que transforma o celular em uma maquininha de cartão. O objetivo é atender um público de quase 30 milhões de profissionais autônomos que não usam tanto assim os terminais tradicionais e, por isso mesmo, têm uma preocupação grande com preço. São ocupações como manicure, personal trainer, cuidador de cachorro, etc.
Augusto Lins, presidente da Stone, afirma que o produto nasceu de conversas com os profissionais liberais. “Muitos ainda não aceitam cartão por várias dificuldades, como ter que solicitar e esperar a maquininha chegar, ou porque fazem poucas vendas e acham a maquininha cara. O TapTon é uma complementação da nossa família de produtos”, diz. Ele aponta que a pandemia, o pagamento do auxílio emergencial e mesmo o Pix favoreceram um forte aumento da inclusão financeira e da digitalização nos últimos meses. “São clientes que valorizam coisas simples, rápidas e práticas, porque além de fazer a gestão dos pagamentos, têm de atender os clientes”, acrescenta.
Inicialmente o serviço estará disponível para celulares que contam com a tecnologia de pagamento por aproximação (NFC) e sistema operacional Android. Muitas adquirentes já oferecem aplicativos que permitem realizar vendas com QR Code ou links de pagamento, e a PagSeguro lançou recentemente o PagPhone, um aparelho que mistura celular e maquininha de cartão, mas até então nenhuma possibilitava aceitar cartões diretamente em um celular normal por meio do NFC.
“Sabemos que as taxas de adesão ou do aluguel de maquininhas pesam no bolso do nosso cliente, fazendo com que muitos deixem de aceitar cartões no seu negócio”, explica Caio Fiuza, sócio da Stone e responsável pela Ton. “E hoje, mais do que nunca, quanto mais opções de pagamento ele oferece, mais vendas pode fazer”, completa. As taxas cobradas são as mesmas já existentes, divididas em três planos: básico, mega e giga.
A Stone divulga o balanço do segundo trimestre na próxima semana, e por isso ainda não pode abrir os números mais recentes da Ton, lançada oficialmente em março de 2020. No fim do primeiro trimestre deste ano, a unidade tinha 190,3 mil usuários ativos, sendo que 76,6 mil deles tinham sido conquistados de janeiro a março. “Não podemos dar detalhes sobre o crescimento da base, mas o ritmo está bom”, diz Fiuza. A Stone havia dito que espera terminar o ano com uma base de clientes ativos de 1,4 milhão a 1,5 milhão, ou cerca de 950 mil excluindo a Ton. Ou seja, a subsidiária terminaria o ano com algo entre 450 mil e 550 mil clientes.
Os clientes iniciais do TapTon terão acesso a uma conta completa, com Pix, cartão físico e virtual, link de pagamento e possibilidade de pagamento de boleto e tributos. O TapTon é uma funcionalidade dentro do app da Ton. É possível efetuar vendas de até R$ 200 sem senha, o que agiliza a operação. A nova funcionalidade é certificada e está apta a operar com as bandeiras Visa e Mastercard.
Fiuza diz que não há receio de o novo serviço canibalizar outros produtos da Ton. O objetivo, segundo ele, é oferecer a melhor solução aos clientes. “Nós prezamos muito a experiência do cliente. Se ele já tem a maquininha, mas quiser utilizar o TapTon, ele pode. Já tínhamos uma oferta muito boa no mundo físico, e agora estamos melhorando no mundo digital”, diz. “Hoje os profissionais autônomos estão cada vez mais se digitalizando, todo mundo está oferecendo seus serviços em marketplaces, nas redes sociais”, acrescenta Lins.
O responsável da Ton explica que, como não é necessário dar subsídios na venda das maquininhas, rentabilizar os clientes da TapTon será mais fácil. “Se pararmos para olhar a condição de partida, a jornada de receita desse cliente é mais fácil. O custo de aquisição é menor.”
Como a empresa nasceu no início da pandemia, é difícil dizer o quanto as medidas de isolamento estão afetando as vendas dos clientes. Mesmo assim, Fiuza diz que há bastante espaço para crescer e que, apesar do avanço da vacinação e da abertura da economia, o mercado ainda não voltou inteiramente. “Agora que as pessoas estão se vacinando é que estão começando a se sentir mais confortáveis”, afirma Lins.