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30/04/2021 - Meios de pagamento têm transformação acelerada

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Por Danylo Martins

O mercado de pagamentos no Brasil está passando por uma profunda transformação. O processo de disrupção no setor é puxado por seis grandes forças: aumento da competição; chegada de novos entrantes, como fintechs e empresas de tecnologia; surgimento de novas tecnologias; papel do Banco Central (BC); a evolução do comércio; e o avanço das novas gerações de consumidores. A avaliação é de Edson Santos, um dos maiores especialistas em meios de pagamentos do país, ex-executivo de empresas como Redecard, Global Payments Brasil e First Data.

“Estamos no meio de uma tempestade tropical, é muito difícil de apostar para onde ela vai”, avalia Santos, que acaba de publicar o livro “Payments 4.0: as forças que estão transformando o mercado brasileiro” em coautoria com Luís Felipe Cavalcanti, outro executivo com décadas de experiência na área. Boa parte das inovações no setor é evolutiva, mas o Pix pode ser o início da disrupção do sistema como a gente conhece, analisa.

Outra força importante é o investimento feito por varejistas e empresas de diversos setores para capturar uma nova linha de receita a partir de plataformas digitais que ofertam produtos e serviços financeiros. “Depois que a tempestade se dissipar, no mínimo teremos uma experiência melhor para quem paga, além de novos concorrentes. É um movimento lento, mas que começa agora”, aponta Santos.

De fato, começou. Basta observar o crescimento dos pagamentos por aproximação. Em 2020, a modalidade atingiu R$ 41 bilhões, um incremento de 470% em relação ao ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). O uso dos cartões na internet cresceu 32,2%, movimentando R$ 435,6 bilhões, cita Pedro Coutinho, presidente da entidade. “Boa parte desse resultado reflete a política de isolamento social durante a pandemia, que acelerou a transformação digital e as mudanças nas relações de consumo por meio da tecnologia.”

Para ele, o meio digital entrega uma jornada de pagamento mais eficiente e segurança, sem contar a conveniência para os usuários. Entre as inovações no setor, ele destaca as transações por aplicativos, carteiras digitais (wallets) e o uso de dispositivos sem contato (contacless), como cartões, relógios ou o próprio smartphone. A evolução da tecnologia exige também novas soluções de segurança, como a tokenização e o protocolo 3DS 2.0, que mitigam a fraude nas compras on-line e já estão sendo desenvolvidas e implantadas há alguns anos, diz Coutinho.

Outro movimento é a integração entre o comércio físico e as operações on-line. “Essa linha que separava operações físicas de compras on-line está sendo cada vez mais desconstruída. E isso está sendo demandado pelo consumidor”, observa Percival Jatobá, vice-presidente de soluções e inovação da Visa do Brasil. Há também uma tendência de transações por redes sociais, diz o executivo. No fim de março, vale lembrar, o Banco Central liberou as transferências entre pessoas pelo WhatsApp - a possibilidade de fazer compras pelo aplicativo segue em análise pela autoridade monetária.

“As novas tecnologias e regulações estão transformando o mercado financeiro e de pagamentos, mas ainda temos muito chão pela frente”, avalia Augusto Lins, presidente da Stone. O executivo lembra que em países como Índia e China os meios de pagamentos digitais levaram à inclusão digital e financeira. No Brasil, as transações em dinheiro ainda são a maioria. “Porém, é fácil perceber que a utilidade do dinheiro físico está diminuindo e, ao mesmo tempo, têm surgido novas formas para pagar por produtos e serviços”, afirma.

As últimas edições da pesquisa de tecnologia bancária, da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), indicam essas mudanças de comportamento do consumidor. Desde 2016, o mobile banking é o canal preferido dos brasileiros para suas transações financeiras, afirma Leandro Vilain, diretor-executivo de inovação, produtos e serviços bancários da Febraban. As operações bancárias feitas por pessoas físicas pelos canais digitais - internet e mobile - foram responsáveis por 74% das operações em abril de 2020.

No futuro dos meios de pagamento, Alessandro Raposo, chief marketing officer (CMO) da Zoop - fintech que desenvolve soluções financeiras white-label para empresas - enxerga transações em tempo real de maneira global. “A agenda de pagamento instantâneo está no mundo todo e, com esse tipo de integração acontecendo, começa a não ter fronteiras de como vai usar o dinheiro. E isso vai levar a transações mais dinâmicas”, analisa. A interoperabilidade que hoje ocorre entre as bandeiras, prevê Raposo, é algo que pode acontecer com moedas no futuro.

 

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