06/04/2021 - WhatsApp Pay traz mais pressão para banco
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Por Valor Econômico | Sérgio Tauhata
A autorização para funcionamento do WhatsApp Pay vai trazer pressão negativa para os ganhos dos bancos tradicionais com tarifas de transferências, avalia a Moody’s. De acordo com relatório da agência, “dentro do arranjo de pagamento do WhatsApp, os usuários vão registrar seus cartões Visa e Mastercard com o Facebook Pay, permitindo fazer transferências entre indivíduos sem custo”.
O Banco Central autorizou, em 30 de março, o Facebook, dono do WhatsApp, a oferecer aos clientes no país o novo serviço de pagamentos por meio da plataforma de mensagens e serviço de voz sobre IP, que estará ligado ao Facebook Pay. A estreia do novo sistema ainda não foi divulgada.
Segundo a Moody’s, os bancos tradicionalmente obtêm receitas com tarifas sobre transferências entre indivíduos e companhias, para as quais cobram preço fixo, bem como no processamento de pagamentos com cartões. “Os bancos são verticalmente integrados e, ao mesmo tempo, são emissores de cartões e têm unidades de adquirência.”
A Moody’s lembra que, em novembro de 2020, o próprio BC lançou o Pix, de pagamentos instantâneos, que também permite transferências entre indivíduos e empresas. “O Pix explicitamente mira na redução do custo de transferências e no estímulo à inclusão financeira e já tem levado os bancos a registrar uma forte queda nas receitas com taxas que são cobradas nas transferências de dinheiro”, diz.
O WhatsApp Pay vai acrescentar mais pressão nessa queda de receitas, avalia a Moody’s. “A nova plataforma também vai permitir ao Facebook monitorar transferências de dinheiro ao longo do tempo, provavelmente, dando à rede social a oportunidade de alavancar outros serviços financeiros além dos pagamentos”, afirma. “É uma estratégia que pode se acelerar com a implementação do open banking no Brasil neste ano.”
O cenário de disrupção digital promovido pelo Facebook é negativo aos bancos brasileiros, diz a Moody’s. “O BC ainda não autorizou o uso do Facebook Pay para fazer pagamentos de mercadorias e aquisição de bens e serviços e se essa opção for autorizada os bancos não participantes vão enfrentar ainda mais pressões sobre as taxas geradas no processamento de pagamentos com cartões.”
A agência vê ainda possibilidade de migração de volumes significativos para o arranjo do Facebook Pay por meio do WhatsApp, ao lembrar que o aplicativo de mensagens é usado por quase 120 milhões de indivíduos no Brasil, “número maior do que o total de clientes de banco no país”.