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02/10/2020 - Carteiras digitais crescem e ganham competidores

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Por Valor Econômico | Danylo Martins

Valério Zarro, do PicPay: “Trouxemos muitos usuários sem conta em banco” — Foto: Divulgação
 
 
A competição está mais acirrada entre as carteiras digitais. Varejistas, marketplaces, operadoras de telefonia, grandes bancos e fintechs têm ampliado a oferta de produtos e serviços financeiros por aplicativo de celular. Ao todo, o Brasil tem cerca de 600 ‘wallets’, incluindo os recém-lançados Bitz, do Bradesco, e OLX Pay, da OLX Brasil. Dois números ajudam a explicar o movimento: 45 milhões de desbancarizados e 230 milhões de smartphones atualmente em uso no país.
 
O Bradesco resolveu entrar na disputa por uma fatia desse mercado e colocou no ar há duas semanas o Bitz, quase um ano depois que o Itaú Unibanco lançou o iti. Com investimento de R$ 100 milhões no primeiro ano de operação, a plataforma quer abocanhar 25% do segmento em três anos.
 
 
Com serviços financeiros básicos, como transferências, pagamentos e recarga de celular, o Bitz tem como público-alvo a pessoa desbancarizada e o pequeno empreendedor. “A gente quer atingir um público que está carente de serviços financeiros”, explica Curt Zimmermann, CEO do Bitz.
 
Entre os diferenciais, o executivo cita o ecossistema e a solidez do Bradesco. O aplicativo nasce integrado à Alelo para aceitação de vale-alimentação e vale-refeição, e com uma oferta de crédito da Losango. Nas próximas semanas, o banco vai divulgar a compra de duas fintechs - um dos acordos é com uma carteira digital já em operação. O banco anunciou ontem a compra da fintech DinDin, que atua no segmento de carteira digital desde 2016. Nova aquisição deve ser feita pelo Bradesco ainda este ano, diz Zimmermann.
 
Maior player do segmento, com 32 milhões de usuários (16 milhões ativos), o PicPay mais do que dobrou a base do ano passado para cá. Um dos principais vetores de crescimento ao longo de 2020 foi o patrocínio do Big Brother Brasil, mas a presença constante em lives de artistas durante a pandemia também ajudou. “Foi a primeira vez que o brasileiro percebeu como é pagar com QR Code”, conta Valério Zarro, diretor-executivo de finanças do PicPay.
 
No início do ano, a fintech ingressou no mercado de crédito pessoal, com uma operação ainda tímida, em parceria com o Banco Original, seu controlador. Segundo Zarro, os volumes liberados são pequenos, mas a linha de negócio tem ganhado velocidade. A partir de outubro, também será possível fazer depósito e saque no varejo usando o aplicativo.
 
O Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, também vem ampliando o leque de produtos e serviços disponíveis em sua plataforma. Durante a pandemia, a empresa lançou novas funcionalidades, como recarga pré-paga de serviços de TV por assinatura e ampliou a rede de estabelecimentos que aceitam pagamentos com QR Code, conta Rodrigo Furiato, diretor de carteira digital do Mercado Pago.
 
Na última semana, a fintech recebeu um aporte de R$ 400 milhões do Goldman Sachs para ampliar a capacidade de concessão de crédito para capital de giro a empreendedores. Desde o início da operação de crédito, a fintech liberou mais de R$ 2,4 bilhões para 500 mil negócios. A empresa, que hoje opera como instituição de pagamentos (IP), já deu entrada no Banco Central (BC) para se tornar uma instituição financeira.
 
O iti, plataforma de pagamentos digitais lançada em outubro de 2019 pelo Itaú Unibanco, se posiciona como uma conta digital completa para o dia a dia e uma rede de 1 milhão de pontos físicos que aceitam o método de pagamento. Em outubro, será lançado o cartão atrelado à conta iti, que permite fazer compras online. O plástico terá informações em braile para pessoas cegas, conta João Filipe Araújo, diretor do iti.
 
A Movile Pay, do grupo Movile (dono do iFood e de outras marcas), tem como meta no curto prazo ser o principal meio de pagamento do iFood. “Estamos com a ambição de ser a carteira digital para 100 milhões de pessoas. Mas no curto prazo, a meta é ter todos os restaurantes usando”, conta Daniel Bergman, CEO da Movile Pay. Ao todo, 10 mil estabelecimentos já usam a carteira digital. Além das transações bancárias básicas, há oferta de crédito em parceria com as fintechs Mova, Creditas, Credisfera, Bcredi e Finpass. Neste mês, o iFood também lançou um cartão pré-pago para os restaurantes.
 
Quem também resolveu apostar no mercado de wallets foi a OLX Brasil, que lançou no fim de julho a OLX Pay, com foco nas transações entre vendedores e compradores do marketplace. Pela nova solução, o pagamento pode ser feito com cartão de crédito à vista ou parcelado em até 12 vezes ou com a utilização do saldo existente na carteira digital. Já o vendedor recebe o valor na conta em até 24 horas após a finalização da venda. “Queremos conectar crédito e outros serviços para ajudar nossos usuários”, diz Andries Oudshoorn, CEO da OLX Brasil, hoje com 60 milhões de usuários que acessam todo mês o marketplace.

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