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30/09/2020 - Papel do varejo é ampliado a partir da virtualização do dinheiro

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Por Valor Econômico | Dauro Veras

 

A virtualização do dinheiro propiciada pelos meios digitais de pagamento está levando à “bancarização de tudo”, constata uma pesquisa recente da consultoria Consumoteca. Metade dos 2 mil brasileiros entrevistados pela empresa não paga mais boletos em banco e mais de um terço já utiliza outros canais para transferir valores. Essa tendência é reforçada pela transformação de varejistas em fintechs que oferecem serviços financeiros, e pela diminuição da relevância dos bancos como destino final para o dinheiro.
 
“O que está acontecendo agora é a desmaterialização dos muros do banco”, diz o antropólogo Michel Alcoforado, sócio fundador do Grupo Consumoteca. Para ele, o varejo tem um importante papel a desempenhar na alfabetização digital, ao oferecer novas formas de pagamento focadas nas transações cotidianas.
 
Há hoje no Brasil 60 milhões de desbancarizados, segundo o IBGE, ou 45 milhões, segundo o Instituto Locomotiva. Esse contingente, que movimenta um valor estimado em R$ 817 bilhões por ano, é formado em grande parte por mulheres (59%), negros (69%) e de baixa renda (86%). Entre os motivos alegados para evitar o sistema bancário tradicional estão as experiências negativas no passado e a percepção da vantagem de usar dinheiro vivo para obter descontos nas compras à vista.
 
Para o fundador da startup de gestão de finanças Asaas, Piero Contezini, na verdade o brasileiro é sub-bancarizado, pois “não consegue utilizar vários produtos e serviços porque não tem crédito”. Para este público, a empresa oferece serviços como cartão pré-pago e geração descomplicada de boletos. Há dois meses a Asaas criou um marketplace para pequenos empreendedores individuais e em breve vai lançar um cartão de crédito pós-pago.
 
Fundada em 2019 em São Paulo, a Oropay oferece conta digital e outros serviços financeiros sem cobrança de tarifas, com foco nos microempreendedores. “Temos o propósito específico de inclusão social das pessoas que vivem em áreas remotas, e também das que têm medo de lidar com dinheiro”, diz a fundadora Astrid Emmerich.
 
A startup negocia parcerias com grandes fabricantes para a concessão de microcrédito que viabilize a compra de insumos para pequenos negócios. Astrid é crítica do modelo de cashback, que, na sua avaliação, menospreza a inteligência do consumidor: “Se você fala que um produto vale dez e me devolve dois, por que não cobra oito?”.
 
“Em um mundo onde o tempo se tornou um ativo tão importante, ter uma conta 100% digital significa controle total de suas finanças na palma da mão, literalmente, já que ela pode ser gerenciada pelo smartphone”, afirma o diretor de pagamentos da PayPal Brasil, Carlos Nomura. A PayPal tem 4,3 milhões de clientes ativos no Brasil e 346 milhões no mundo.
 
A Orbitall, do Grupo Stefanini, lançou a Banking in a Box, plataforma que permite às varejistas criar seus bancos digitais com ofertas pré-configuradas conforme o perfil desejado de consumidor. Os serviços incluem o pagamento de boletos, transferências, recargas de celular, cartão pré e pós-pago e contratação de seguros. Entre os clientes está a Ipiranga, que utiliza a tecnologia no aplicativo Abastece Aí, informa o diretor-presidente da multinacional brasileira, Marco Stefanini.
 

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