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04/09/2020 - PagSeguro compra Wirecard para avançar no comércio eletrônico

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Por Valor Econômico | Flávia Furlan

 

A credenciadora de cartões PagSeguro, do grupo Uol, anunciou a compra da Wirecard Brazil, subsidiária da empresa de pagamentos alemã envolvida em um escândalo de fraude contábil. O negócio, antecipado pelo Valor, ainda precisa de aprovação do Banco Central e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O valor da transação não foi divulgado.

A PagSeguro é uma empresa com R$ 6 bilhões em receitas, 5,5 milhões de clientes ativos e R$ 122 bilhões em volume total de pagamentos. Já a Wirecard Brazil tem R$ 120 milhões em receitas, 200 mil clientes e R$ 5 bilhões em volume total de pagamentos. Hoje, ela atua como uma subcredenciadora, sendo que iniciou as atividades no país com a compra da Moip em 2016, por R$ 165 milhões.

Focada há alguns anos em priorizar a captura de pagamentos no mundo físico, a PagSeguro reforça a oferta para o comércio eletrônico com a Wirecard Brazil. Além disso, passa a ter serviços considerados entre os melhores do mercado, como o “split de pagamentos”, que separa o valor de uma transação para mais de um recebedor.

Em apresentação ao mercado, a PagSeguro pontuou o potencial de R$ 128 bilhões no e-commerce brasileiro, caso o país alcance a penetração americana das compras pela internet no consumo total. Esse potencial começou a ser destravado com a pandemia de covid-19, que forçou o isolamento social e incentivou as compras pela internet.

Essa é a décima aquisição da PagSeguro desde 2009. Neste ano, a companhia tinha adquirido também a Zygo, uma plataforma de fidelidade. Fontes disseram ao Valor que a compra da Wirecard custou entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões para a credenciadora. Em relatório, analistas do Goldman Sachs afirmaram que a empresa apontou que o valor teria ficado em torno de 10% do caixa no primeiro trimestre, que estava em R$ 3,5 bilhões.

“A Wirecard fornece o processamento de pagamentos de ponta a ponta para comércios eletrônicos e marketplaces, o que pode beneficiar a PagSeguro, à medida que maiores volumes mudam para o online no Brasil, especialmente no contexto do covid-19”, escreveram os analistas, em relatório.

O escândalo da Wirecard, embora seja localizado na Alemanha, respingou na subsidiária brasileira, com a deterioração da imagem, levando lojistas a pedir a antecipação dos recebíveis de pagamentos com cartões. Esse movimento, por sua vez, pressionou a liquidez da companhia, que acabou colocada à venda.

A Wirecard também decidiu vender a unidade do Reino Unido. Neste caso, quem levou foi a Railsbank, uma startup britânica apoiada pela Visa. O acordo deve ser finalizado até novembro e envolve as tecnologias de pagamento com cartões, clientes e parte da equipe da Wirecard.

Os problemas da companhia de pagamentos alemã começaram depois que um pedido de auditoria da EY impediu a publicação do balanço referente ao ano fiscal de 2019, que deveria ter ocorrido em junho deste ano.

Dois bancos que gerenciavam as contas de depósito da Wirecard desde 2019 não puderam identificar €1,9 bilhão indicados no balanço, sendo parte desse dinheiro depositada por subsidiárias da companhia pelo mundo. O escândalo contábil custou o cargo de Jan Marsalek, conselheiro, e de Markus Braun, presidente da empresa.

 

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