11/08/2020 - Com pandemia, cresce uso de cartão pré-pago
VoltarPor Valor Econômico | Nathália Larghi
O fechamento das lojas físicas durante o período mais severo do isolamento social impulsionou as vendas pela internet e os serviços on-line. Porém, muitos desses negócios exigem o pagamento por meio eletrônico, como o cartão de crédito, ao qual uma parcela da população não tem acesso. Assim, uma saída encontrada por consumidores foi o uso do cartão pré-pago, segmento que registrou aumento nos últimos meses.
A bandeira Visa tem cerca de 60 parceiros emissores de cartões pré-pagos. De março, mês em que o isolamento começou, até junho o número de transações na modalidade pré-pago cresceu mais de 20%. Só no mês de junho, a alta foi de 48% em relação ao mês anterior, e o ticket médio cresceu 6%.
“A pandemia contribuiu pra a digitalização dos pagamentos, porque se pensarmos que muitas pessoas antes não tinham acesso a um meio de pagamento eletrônico e estavam mais habituadas com dinheiro, elas precisaram se digitalizar para fazer parte desse mundo, dado que os estabelecimentos físicos praticamente todos fecharam”, afirma Ana Melo, diretora de soluções da Visa.
Na Acesso, fintech que tem o cartão pré-pago com um dos seus serviços financeiros, as transações cresceram 9,5% entre abril e junho, na comparação com o mesmo período do ano passado. O crescimento foi mais acentuado entre os meses de maio e junho, com alta de 20%.
Para especialistas, o uso do cartão pré-pago ajuda a acelerar o processo de bancarização da população, levando a pessoas sem nenhum acesso a serviços financeiros a novidade de poder utilizar um meio de pagamento eletrônico.
Como o próprio nome sugere, esses cartões funcionam como os celulares pré-pagos: a pessoa apenas consegue usá-lo quando há um dinheiro depositado na conta de pagamentos associada a ele. Um exemplo mais comum são os cartões de benefícios, como os vales alimentação e refeição, em que a empresa deposita um montante de recursos naquela conta e, a partir daí, o trabalhador pode usar o cartão.
Segundo Carlos Ogata, presidente da Pagos - Associação de Gestão de Pagamentos Eletrônicos, a principal vantagem desses produtos é a facilidade. Diferentemente do que acontece nos bancos, o cliente não precisa passar por várias etapas para a abertura de uma conta de pagamento, principalmente por não necessitar de análise de crédito.
“Hoje muitas fintechs oferecem contas digitais, que são contas de pagamentos. E elas têm lá um cartão pré-pago associado a essa conta que o cliente usa normalmente, como se fosse um cartão bancário”, afirma.