04/08/2020 - Bancos discutem oferta ou venda da Elo
VoltarPor Valor Econômico | Flávia Furlan
Os bancos acionistas da bandeira de cartões Elo começaram a discutir possíveis saídas para o ativo após uma sociedade que já dura quase uma década, segundo apurou o Valor com três fontes. Em um primeiro momento, Banco do Brasil (BB), Bradesco e Caixa Econômica Federal analisam realizar uma oferta pública inicial de ações (IPO), mas corre por fora ainda a possibilidade de venda para uma concorrente.
A Elopar, uma joint venture entre Bradesco (50,01%) e Banco do Brasil (49,99%), controla a bandeira Elo, com 56,969% de participação. O restante está com a Caixa Econômica Federal (36,889%) e o Bradesco diretamente (6,142%).
A visão dos bancos acerca do negócio é divergente. A Caixa seria a mais interessada na abertura de capital, algo que já foi defendido publicamente pelo presidente Pedro Guimarães. Com o pagamento do auxílio emergencial, a Elo ganhou força uma vez que é da bandeira o cartão virtual que está disponível no aplicativo Caixa Tem, usado por dezenas de milhões de brasileiros durante a crise. O IPO da bandeira, portanto, teria um ótimo múltiplo neste momento, conforme disse um interlocutor.
Inicialmente mais resistente ao tema, o Bradesco está analisando a viabilidade de um IPO da bandeira, embora mantenha o discurso de não ser, via de regra, um vendedor de ativos. Uma fonte disse que o banco analisa o assunto, mas que não tem pressa para uma decisão.
Para o BB, a Elo não faz parte do que o banco considera “core business”. Desde o início da gestão de Rubem Novaes, de saída do banco, a instituição traçou um plano de venda de ativos não relacionados diretamente à atividade bancária. “A Elo é um ativo que não é difícil de se desfazer”, afirmou uma fonte. “Bandeira não é algo que seja fundamental para o banco no ecossistema de cartões”, completou.
Segundo dois interlocutores, há apetite de grandes bandeiras internacionais no negócio, e uma venda seria uma opção. A Elo informa em seu site que tem 132 milhões de cartões emitidos e, segundo estimativas, teria 15% de participação de mercado.
A Elo nasceu para ser uma bandeira 100% brasileira, com cartão de débito voltado para o público de menor renda. No entanto, evoluiu e passou a oferecer crédito e fechou parcerias com bandeiras globais para uso dos plásticos no exterior. Consultada, a bandeira esclarece que não tem informações a respeito do assunto. Procurados, Bradesco, Caixa, Banco do Brasil e Elopar não comentaram.