25/06/2020 - Taxa de cartão supera 1% do PIB na América Latina
VoltarPor Valor Econômico |Assis Moreira — De Genebra
As taxas de cartão de crédito na América Latina ultrapassam 1% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS). Para essa espécie de banco dos bancos centrais, isso indica o potencial para redução de custos sem pesar na atividade econômica.
Conforme o BIS, pagamentos no varejo são caros para os usuários onde cartões de crédito dominam. Os pagamentos por cartões são uma fonte lucrativa de receita para instituições financeiras e redes de cartões. A instituição observa que no geral a relação receita de pagamentos/PIB, que dá uma indicação dos custos, é mais alta onde a margem líquida de juro dos bancos é maior, apontando para falta de concorrência.
Em um capítulo especial sobre bancos centrais e pagamentos na era digital, que será publicado em seu relatório anual, o BIS destaca que a pandemia de covid-19 estimulou os pagamentos sem contato (contactless payments), que representaram mais de 33% das transações com cartões, comparado a cerca de 27% em setembro do ano passado. Também houve aumento rápido do comércio eletrônico, com desaceleração de transações transfronteiriças. O banco projeta queda de 20% nas remessas de dinheiro por migrantes para seus países de origem.
Ao mesmo tempo, o BIS mostra insuficiências nos sistemas de pagamentos, especialmente para os pobres e os que não têm conta bancária. No varejo, desde 1950, vários países adotaram pagamentos eletrônicos e viram rápido crescimento de cartões de crédito e débito, introdução de caixas eletrônicos e surgimento da internet, além de pagamentos pelo telefone celular e, recentemente, a entrada de provedores não-bancários oferecendo serviços de pagamentos.
No segmento de pagamento no varejo, o valor global de pagamentos por cartões e “e-money” aumentou, enquanto a retirada de dinheiro em espécie e cheques declinou. Na China e Suécia, por exemplo, há cada vez menos pagamento em dinheiro em espécie.
O acesso a serviços de pagamentos aumentou, mas ainda está longe de ser universal. Cerca de 1,7 bilhão de adultos globalmente não têm conta bancária, e centenas de milhões de firmas estão limitadas ao uso de “cash” como seu único meio de pagamento. Nos EUA, quase metade da população negra e dos hispânicos não têm conta bancária. Na Europa, essa fatia chega a 10% da população.