Museu do Cartão de Crédito

31/03/2020 - Setor de ‘maquininhas’ enfrenta dificuldade para captar recursos

Voltar

Valor Econômico | Por Flávia Furlan

 

Empresas do setor de credenciamento de cartões, responsáveis pela distribuição de “maquininhas”, enfrentam dificuldades na captação de recursos para oferecer como antecipação de recebíveis ou na forma de crédito para os clientes, segundo relataram fontes do setor ao Valor. Mesmo quando encontram financiamento, o custo está mais elevado, devido à redução de apetite de investidores e bancos por emprestá-los.

O público atendido por essas empresas é formado principalmente por micro, pequenos e médios empreendedores, fortemente afetados pelos desdobramentos da pandemia do coronavírus na economia - as vendas para alguns segmentos chegaram a cair 70% nas duas semanas de quarentena. Exatamente por esse motivo que o governo federal está estudando alternativas para ajudar as credenciadoras a ter funding neste período, incluindo a oferta de linhas de redesconto, segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em transmissão ao vivo no sábado promovida pela XP, o ministro afirmou que o governo está “turbinando” o setor de maquininhas porque é quem tem capilaridade para alcançar o “pequenininho que está na ponta”. “Por que o Banco Central não pode redescontar deles. Por que o Banco Central só tem de redescontar com banco? Não. Temos que conseguir que o Banco Central chegue lá também, não fique só no sistema bancário. Estamos fazendo isso”, disse.

A ideia de dar acesso às linhas de redesconto para as credenciadoras teria sido levada pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), conforme o Valor apurou. Procurada, a associação não respondeu até o fechamento da edição. A expectativa de executivos do setor é que algo seja anunciado nesta semana.

Outra iniciativa estudada pelo governo é conceder crédito via maquininhas. Bancos públicos poderiam viabilizar a linha, com recursos do Tesouro, nos moldes do “crédito fumaça”. Nessa modalidade, bancos e credenciadoras usam o histórico de pagamentos com cartões para liberar crédito aos clientes, e as parcelas são cobradas na forma de um percentual das vendas futuras. Proposta levada pela credenciadora Stone estima em R$ 100 bilhões o potencial da linha, com taxa de 3,75% ao ano, prazo de três anos e carência de um ano para pagar.

Executivo de uma importante credenciadora disse que, na média, o custo de captação de recursos subiu de 130% para 200% do CDI para o mercado como um todo. “Não há espaço para captação com fundos de recebíveis”, afirmou o interlocutor, sobre uma das fontes mais comuns de funding das credenciadoras.

O reflexo já é sentido no mercado. Na semana passada, a Cielo, dos acionistas Banco do Brasil e Bradesco, disse que deve ampliar para R$ 5 bilhões o volume de antecipação de recebíveis referentes às transações com cartões de crédito à vista e parcelado. Mas com taxas de desconto que podem ficar acima das praticadas anteriormente, segundo disse na ocasião Paulo Caffarelli, presidente da Cielo, como reflexo das novas condições de mercado.

A falta de funding enfrentada pelas credenciadoras provoca um efeito cascata, uma vez que elas repassam parte desse volume captado para as subcredenciadoras anteciparem para seus clientes. As “subs” são empresas que pagam pelo uso do sistema das credenciadoras para prestar o serviço em determinadas regiões ou para setores específicos. “O mercado está sem liquidez e o custo de captação para as subcredenciadoras aumentou em 10%. Muitas delas estão passando por dificuldades”, disse o executivo de uma dessas companhias.

 

Newsletter

Preencha os campos abaixo e receba nossas notícias:

Rua Visconde do Rio Branco, 1488 - 18º andar - Centro - Curitiba/PR

Contato
Telefone Logo

2020 Museu do Cartão - Todos os direitos reservados