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29/01/2020 - Cielo volta a priorizar lucro após forte queda em 2019

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Valor Econômico | Finanças - Por Flávia Furlan

A credenciadora de cartões Cielo voltará a dar mais peso aos resultados em 2020, após ter visto o lucro líquido cair à metade no ano passado, mudança de estratégia antecipada pelo Valor no início do ano. Em meio à “guerra das maquininhas”, a empresa lucrou R$ 1,580 bilhão em 2019, queda de 49,7% em comparação ao ano anterior.

Desde novembro de 2018, quando Paulo Caffarelli assumiu sua presidência, a Cielo estava focada em proteger a participação de mercado, mesmo que isso significasse reduzir preços, sacrificar margens e, portanto, diminuir o lucro. Como efeito, ganhou espaço no primeiro e segundo trimestres de 2019 e manteve sua participação em 42,5% do volume total transacionado no terceiro trimestre, segundo dados compilados por analistas do Itaú Unibanco.

Em número de clientes, a empresa alcançou 1,6 milhão em dezembro, mesmo patamar de março de 2017. “Essa base fabulosa pode ser trabalhada internamente para intensificar os negócios, independentemente de ganhar novos clientes”, disse Caffarelli ontem. “A gente não vai trazer cliente a qualquer custo.” O executivo não quis comentar se o lucro vai voltar a crescer neste ano, e disse que a Cielo continuará não divulgando guidance.

A Cielo, porém, reconhece que o ambiente ainda é competitivo e, portanto, pode responder novamente com preços menores, uma vez que ainda “está no jogo”, segundo o executivo. A companhia já reprecificou 75% da carteira de clientes, mas deve renegociar os preços com o restante da base até abril. Na busca por margens, a Cielo deve dar foco ao “varejo”, estabelecimento comercial ou prestador de serviço com faturamento anual entre R$ 120 mil e R$ 15 milhões. Esse tem sido o público abordado pelos “hunters”, mil profissionais contratados que adicionaram 175 mil novos clientes no ano passado.

A empresa também tem atacado mais os empreendedores, clientes com faturamento até R$ 120 mil ao ano, para os quais vendeu 1,3 milhão de maquininhas no ano passado. Nesse mercado, o subsídio aos equipamentos tem ficado na média em 70% no setor, patamar limite, segundo a Cielo.

Para Caffarelli, desde junho clientes de varejo e empreendedores crescem em ritmo mais forte que grandes contas. Mas as companhias de maior porte representam dois terços da base. Nesse público, as margens já estão pressionadas e o preço oferecido está adequado, disse a companhia.

Gustavo Sousa, diretor financeiro, diz que embora a Cielo esteja olhando as margens, ela não deve melhorar no curto prazo. “Para isso, precisa haver estabilização de preços, o que não é o nosso cenário base. Além disso, precisa haver inversão em termos de participação dos pequenos e médios negócios na nossa base, mas isso vai levar tempo a acontecer”, afirmou em teleconferência com analistas.

Um dos caminhos apontados para elevar margens é reduzir despesas. Nesse sentido, a empresa renegociou a remuneração para uso dos canais dos acionistas. Pelos novos termos, as instituições receberão 10 pontos-base sobre o volume elegível de comissão, baseado na rentabilidade que o cliente traz - esse item não era considerado no acordo passado.

Em 2018, metade dos clientes do varejo da Cielo veio da força própria de captação, sendo o restante dos bancos parceiros. Já em 2019, o esforço próprio da Cielo representou 83% do total, considerando a estratégia dos “hunters”.

Analistas disseram que o novo acordo é positivo. O J.P. Morgan calcula economia de até R$ 600 milhões, enquanto o BTG aponta R$ 340 milhões, antes de impostos. Já para o Bradesco BBI, esse ganho pode ser rapidamente trazido em preços menores aos clientes, tendo impacto líquido incerto.

Em relação ao resultado do quarto trimestre - queda de 68% no lucro líquido, a R$ 242,2 milhões -, analistas do J.P. disseram que foi um “trimestre para esquecer”. Para a equipe do Citi, poderá haver avanço do lucro quando concluído o ajuste de preços, mesmo se a Cielo continuar a perder fatia de mercado. Os analistas do BTG afirmam que é difícil obter sucesso sob a atual estrutura acionária. “Quanto mais tempo levar para resolver isso, pior será para as ações.” (Colaborou Álvaro Campos).
 

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