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21/01/2020 - Caixa mira ‘maquininhas’ e busca parceiro privado

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Valor Econômico - Por Fabio Graner

A Caixa Econômica Federal realizou nesta segunda-feira movimentos de reposicionamentos em parte de suas áreas de atuação: cartões e capitalização. Duas novas empresas vinculadas ao banco que atuarão em parceria com o setor privado foram operacionalizadas formalmente pelo banco estatal ontem.

A Caixa Cartões Holding, uma subsidiária integral da estatal, tornou-se operacional, a partir da assinatura de “outorga do balcão” da Caixa para a nova empresa e das transferências de contratos. A companhia se prepara para entrar, ainda neste ano, com um parceiro privado que está sendo escolhido, no disputado segmento de “maquininhas”, a chamada “adquirência”. Este mercado conta com a participação de gigantes como Cielo e Rede, que hoje são parceiros da Caixa.

A operação da Elo, bandeira que é de propriedade da Caixa, BB e Bradesco e que concorre com Visa e Mastercard, ficará debaixo da nova empresa.

O presidente da Caixa Cartões será Julio Volpp, que era vice-presidente de varejo do banco. “É o primeiro passo que estamos dando”, disse Volpp, explicando ao Valor que a nova empresa já nasce com uma previsão de faturamento de R$ 120 milhões, apenas em decorrência das parcerias já existentes e que serão transferidas para a holding a partir de agora. “Deixamos de ser uma ‘paper company’ [companhia no papel] e agora começaremos a fazer negócios”, disse.

Ao Valor, o executivo disse que ainda este ano deverá estar fechada a joint venture (parceria que cria a nova empresa) para a “maquininha” da Caixa. A ideia é atuar com alguém que já tenha expertise, para não iniciar do zero essa operação.

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, destacou que pretende abrir o capital da Caixa Cartões ainda neste ano, mas ressaltou que a criação dessa nova empresa era um movimento necessário e ocorreria mesmo sem a perspectiva de abertura de capital futura.

“Os meios de pagamento se tornam cada vez mais relevantes e a Caixa Cartões será um parceiro operacional muito forte. Nosso foco inicial é abrir capital da seguridade e depois de cartões, mas, independentemente disso, esse movimento na caixa cartões ocorreria”, comentou.

“Tenho certa apreensão em ter 100 milhões de clientes e apenas 7 milhões de cartões. Não podemos aceitar isso”, completou. O executivo destacou que abrir o capital de subsidiárias é um mecanismo para conter problemas que ocorreram no passado, como corrupção.

Na área de capitalização, o banco assinou uma parceria com a Icatu Seguros para a criação de outra empresa, na qual a Caixa terá 75% do capital total, mas será minoritária nas ações com direito a voto. A Icatu, quando o processo de criação da nova companhia for concluído em 2021, aportará R$ 180 milhões a título de aumento de capital da empresa e terá acesso a todo o balcão de distribuição de produtos na rede do banco estatal por 20 anos.

Além de entrar no segmento de “maquininhas”, a Caixa Cartões trabalhará em diferentes áreas no setor, por meio de gestão de participações societárias. A nova empresa fará atividades de emissão e gestão de contas e instrumentos de pagamento, credenciamento, adquirência e fidelização, além de explorar esses negócios nos canais da Caixa.

No longo prazo, o interesse da Caixa é alcançar posição relevante no mercado de meios de pagamento. Atualmente, o banco opera por meio de acordos operacionais com as duas maiores adquirentes do país, a Cielo e a Rede. Além disso, a Caixa vai buscar a realização de outras joint ventures “para dinamizar e ampliar a atuação neste segmento junto à sua base de clientes”.

O acordo firmado com a Icatu na área de capitalização prevê que a nova empresa vai remunerar a Caixa Seguridade pagando uma comissão pela distribuição dos produtos, além de pagar uma taxa de performance atrelada ao desempenho anual em volume e lucratividade.

“A Icatu também pagará à Caixa Econômica Federal um bônus anual correspondente a 75% do valor dos dividendos líquidos recebidos pela Icatu da nova companhia que excederem a determinadas metas estabelecidas para referido ano”, informa o banco. O banco prevê que, além de ganhos de eficiência, a parceria deve trazer "aumento de resultados, em função da reconhecida expertise do parceiro no segmento Capitalização e da capilaridade que só a ampla rede de pontos de atendimento da Caixa possui”, diz o banco.

Segundo a Caixa, o fechamento e a implementação da operação ainda estão sujeitos ao cumprimento de condições suspensivas. “Precisamos das aprovações dos órgãos regulatórios, como da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do Banco Central do Brasil (Bacen), da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)”, informou a Caixa.

O presidente do banco estatal disse ao Valor que a ideia é aproveitar sobretudo a rede de lotéricas para promover um forte crescimento no segmento de capitalização e assumir a liderança do mercado. “É o produto perfeito para ser vendido nas lotéricas”, salientou, explicando ainda que hoje esse produto tem um impacto ínfimo e muito aquém do potencial que teria. “Há uma demanda dos próprios lotéricos”, disse. Para ele, é possível ter 50% do mercado.

Na nova empresa de capitalização devem ser vendidos não apenas os atuais produtos da Caixa, mas também eventuais novos a serem criados. Guimarães disse que o fato de a Icatu ter uma posição majoritária no capital votante da nova empresa visa dar maior liberdade de atuação, já que ela legalmente se torna privada.

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