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14/05/2019 - Itaú entra em pagamentos instantâneos

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Por: Talita Moreira

O Itaú Unibanco lançou ontem uma carteira virtual para clientes e não clientes da instituição financeira. Batizada de "iti", a plataforma posiciona o banco no nascente mercado de pagamentos instantâneos e acirra a concorrência entre as credenciadoras de cartões ao oferecer taxas mais baixas aos lojistas.

Os pagamentos serão feitos entre usuários por meio de QR Code, 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana. É preciso baixar um aplicativo e fazer um cadastro. O serviço, que estará disponível a partir do terceiro trimestre, será gratuito nas transações dentro da plataforma.

"Estamos nos antecipando aos pagamentos instantâneos", afirmou Lívia Chanes, diretora do Itaú responsável pelo iti.

A plataforma poderá, inclusive, ser usada pelo Itaú para se integrar ao sistema de pagamentos instantâneos que está sendo desenvolvido pelo Banco Central, se for compatível com as especificações técnicas que forem exigidas pelo órgão regulador.

O nome iti não tem um significado, mas faz um jogo com as palavras Itaú, tecnologia e inovação. Com o serviço o Itaú se torna o primeiro dos grandes bancos brasileiros a lançar carteira virtual em escala - já existem no mercado soluções de empresas de varejo ou de bancos digitais, mas com alcance ainda pequeno.

No caso do Itaú, a escala virá com empurrão da Rede, a credenciadora de cartões do grupo. O banco vai habilitar todos os lojistas que têm maquininhas da Rede para receber pagamentos por meio do aplicativo. A empresa tinha 1,3 milhão de equipamentos no fim do primeiro trimestre.

O estabelecimento que aceitar um pagamento pela plataforma receberá o valor na hora com taxa de 1% sobre o valor da transação. É vantajoso em relação ao MDR de 3,49% cobrado nas transações com cartões de crédito, com recebimento em dois dias, e de 1,99% no cartão de débito. Com isso, o iti também deve competir no segmento de microempreendedores e pequenos estabelecimentos, dominado pela PagSeguro.

A estratégia mostra que o Itaú vê cada vez menos valor no modelo atual de negócios das credenciadoras, baseado nas maquininhas. Outro sinal disso foi dado no mês passado, quando o banco zerou a taxa para antecipar de 30 para dois dias o pagamento aos lojistas nas vendas com cartão de crédito à vista.

Apesar disso, o presidente da Rede, Marcos Magalhães, afirmou não ver risco de canibalização das atividades da credenciadora. "Pode ser que para pequenos pagamentos não haja necessidade de POS, mas não deve ser assim para a maior parte dos pagamentos", observou.

O banco vê na plataforma um caminho para expandir o uso de meios de pagamentos eletrônicos. Um dos públicos que o Itaú tem em vista são brasileiros não bancarizados, que usam dinheiro para pagar suas contas. Hoje, 47% das transações no país ainda são em espécie. O limite diário para transferências por meio do iti será, inicialmente, de R$ 1 mil.

"Queremos atender 100% da pirâmide brasileira", afirmou o diretor-geral do banco de varejo do Itaú, Márcio Schettini.

Para acessar o serviço, o usuário terá de baixar um aplicativo e preencher um cadastro, sem necessidade de comprovar renda. O cliente poderá carregar a conta por meio da transferência de dinheiro de qualquer banco ou da emissão de um boleto, ou ainda atrelar a ela um cartão de crédito de qualquer emissor.

Num primeiro momento, a plataforma será usada apenas para pagamentos, mas a evolução prevê a adoção de funções como bilhete único e recebimento de salário. Também está previsto o lançamento de produtos de investimentos, seguros e um cartão de crédito. Até o fim do ano, saques e transferências serão gratuitos. Um modelo de tarifação será elaborado depois que o banco entender como as pessoas vão usar o serviço.

Enquanto isso, o BC trabalha num modelo de pagamentos instantâneos, com lançamento a partir do fim de 2020. O desenho em estudo prevê que o regulador fará a liquidação centralizada das transações e contempla a participação de todo setor em um sistema interoperável. A ideia é evitar que se repita no país o que se viu na China, onde floresceram dois serviços - WeChat e Alipay - fechados.

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