Museu do Cartão de Crédito

03/10/2016 - Rede e Cielo sofisticam ´maquininha´

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Por Gustavo Brigatto | De São Paulo | Valor Econômico

Na hora de pagar as compras ou a pizza entregue na porta de casa, a maioria das pessoas só se preocupa com a maquininha de cartão de crédito e débito que está sendo usada pelo vendedor caso ela não funcione. Mas esses equipamentos estão no centro de um novo capítulo da disputa entre as duas principais empresas de pagamentos do Brasil: a Cielo e a Rede.

Na nova geração de máquinas que as companhias estão colocando no mercado neste ano - a Lio, da Cielo, e a Smart, da Rede -, pagar por um produto ou serviço é apenas uma das funções. Com elas, o varejista pode controlar como andam suas vendas, fazer o relacionamento com seus clientes, controlar estoques etc. É como um smartphone que "até" faz ligações. E, na verdade, as novas máquinas estão atualmente muito mais para um smartphone do que para um equipamento tradicional.

Com características como tela sensível ao toque, conexões Wi-Fi e Bluetooth, capacidade de armazenamento de dados, e até câmera, elas podem receber aplicativos desenvolvidos por qualquer empresa. O desenvolvedor pode cobrar pelo aplicativo publicado na loja e, tanto Cielo, como a Rede, ficam com uma parte dessa receita. "É um modelo interessante para diversificar a receita porque a competição é inexorável", avalia Eduardo Nishio, analista da Brasil Plural.

O sistema de inovação aberta é uma tendência crescente entre empresas de diversos setores, que têm enfrentado dificuldades para acompanhar o ritmo das novidades e não perder mercado - ou simplesmente, desaparecer. "Não podemos ficar com o modelo antigo de adquirência [transações com cartão], senão entramos na vala comum de discussão por preço. Queremos discutir como resolver problemas, a experiência do usuário, como levar facilidade aos clientes", diz Frederico Alves Souza, diretor de produtos da Rede.

O processo de criação das novas máquinas, por si só, foi um sinal de mudança de postura das duas gigantes. A Rede buscou em uma startup americana com apenas dois anos de funcionamento o seu fornecedor - com um contrato de exclusividade de uma década. Para estimular a criação de aplicativos, a companhia fez, em setembro, sua primeira maratona de desenvolvimento de software, ou hackathon. Já a Cielo optou pelo desenvolvimento interno, usando o conhecimento de sua empresa de software para a área móvel, a M4U, e associando-se à Quantum, marca de celulares da Positivo Informática, para a parte de hardware. "Quando você é fechado, perde muitas oportunidades", diz Danilo Caffaro, vice-presidente de produtos e negócios da Cielo.

Até o fim do ano, cada uma das empresas pretende ter no varejo 50 mil unidades de suas novas máquinas. A Cielo espera chegar a um milhão em cinco anos. O principal desafio para que isso ocorra é o preço. O aluguel dos novos terminais pode custar o dobro dos tradicionais. "Mas se você tem um equipamento que tem menos falhas, quebra menos, o custo total de propriedade é menor", diz Caffaro.

O mercado de cartões no Brasil mudou muito a partir de 2010, com a quebra da exclusividade entre bandeiras e emissores. Com o aumento no uso, surgiram novos nomes no setor. A chegada da Get Net, da Stone e de operações de menor porte como PagSeguro e iZettle, entre outras, fez com que a oferta de máquinas deixasse de ser o principal diferencial no segmento, o que levou à busca por diferenciação e novas receitas.

Entre Cielo e Rede é difícil dizer quem será o vencedor dessa disputa. Talvez nenhuma das duas, dizem especialistas, pois sempre há possibilidade de um novo competidor tomar o mercado de assalto. Mas uma companhia que não tem nada a ver com a história já pode ser considerada campeã: o Google. Tanto a Lio quanto a Smart funcionam com o sistema operacional Android, desenvolvido para smartphones pela companhia de internet, mas que vem ganhando aplicações em diferentes áreas - carros, relógios, TVs etc.

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