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06/07/2016 - Cartões ainda têm espaço para explorar dispositivos

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Por Martha Funke | Para o Valor, de São Paulo

Com R$ 270 bilhões movimentados no primeiro trimestre do ano, em comparação a R$ 1 trilhão ao longo do ano passado, o segmento de meios de pagamento eletrônicos aposta em inovação e busca mais oportunidades em setores subatendidos. Marcelo Noronha, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs) e vice-presidente do Bradesco, observa a consolidação do setor, com destaques como a expansão do uso de cartão de crédito para financiamento.

No primeiro trimestre, com crescimento de 13% no número de transações sobre o mesmo período de 2015 e R$ 165 bilhões movimentados, o cartão de crédito respondeu por 10,9% da carteira de crédito à pessoa física no país, atrás do crédito imobiliário, com 33,5%, e consignado, com 25,4%.

Além disso, pesquisa da Abecs apontou que 70% dos consumidores que financiaram aquisições no cartão não teriam comprado o bem de outra forma.

O parcelamento retrata a inovação brasileira no segmento. O país criou também o cartão múltiplo e a primeira rede preparada para chip. O parque instalado soma 4,4 milhões de POS, um dos maiores do mundo, com cerca de 3 milhões preparados para NFC, o triplo dos Estados Unidos. Mesmo assim, há espaço para crescimento, já que o cartão responde por 28,5% do consumo das famílias no país.

Uma das oportunidades é a substituição do papel moeda - são R$ 1 trilhão sacados em ATMs por ano. A tecnologia NFC pode ser aliada neste processo. A atuação em segmentos como saúde, seguros, automóveis e produtos de alto valor, com pagamento até no débito de produtos como automóveis, depende do desenvolvimento de modelo de negócios, avalia Raul Moreira, vice-presidente do Banco do Brasil. "Também há espaço nas transações entre empresas e nos pagamentos a governos", diz.

As novas tecnologias estão na mira do segmento, com destaque para mobile. A maior parte dos bancos emissores já oferece aplicativos com portfólio de funcionalidades completo para cartões e o celular deve ter papel central, mas não é o único dispositivo na mira da indústria na era da internet das coisas, quando um relógio pode pagar compras de baixo valor, a geladeira paga produtos alimentícios e um carro tem autonomia no pagamento de gasolina. "O desafio é a segurança", diz Eduardo Chedid, presidente da Elo Serviços.

A combinação de segurança e usabilidade deve garantir espaço para o plástico em um ambiente multicanal, com uma ou várias contas distribuídas em diferentes dispositivos de acordo com a conveniência do portador. Para garantir a experiência do usuário, a indústria busca soluções para driblar a fragilidade da infraestrutura, como máquinas com dois chips. E aposta nas parcerias mescladas com concorrência com entrantes como Paypal e Pagseguro, desenvolvidas no vácuo de segmentos como e-commerce e profissionais liberais ou microempreendedores, ou Apple Pay, com design centrado no cliente baseado em ativos desenvolvidos pela indústria, como concessão de crédito, abertura de conta, trilhos de autorização, sistemas antifraude, terminais NFC e tokenização. "Ficou clara a necessidade de arquiteturas abertas e de convidar fintechs a usarem APIs para valorizar o sistema como um todo", diz Raul.

Para Gustavo Fosse, diretor de tecnologia da Febraban, o mobile vem atraindo os principais investimentos dos bancos, tanto para agregar funções do plástico como para avançar nas carteiras digitais - por enquanto individuais, em contrapartida aos modelos multibancos como da Apple e Samsung.

"Em pouco tempo teremos carteiras com capacidade de transferência de dinheiro por aproximação", diz. Além do NFC, um dos sistemas apresentados no Ciab é o da Matera, que permite pagamentos com celular off-line, por QR Code.

A Caixa aproveitou para apresentar a conta Tim Multibank, voltada a clientes de baixa renda, não bancarizados mas portadores de celular. Pré-paga, a conta permite movimentação por celulares simples com uso de SMS para pagamento de contas, transferência de dinheiro, saques e depósitos pela rede de lotéricas e correspondentes bancários, com opção de emissão extra de cartão Mastercard para compras.

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