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12/02/2016 - Bradesco e BB podem desistir de comprar Elavon

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Por Felipe Marques | De São Paulo | Valor Econômico

A compra da unidade brasileira da credenciadora de cartões Elavon por Bradesco e Banco do Brasil entrou em compasso de espera e há quem dê a aquisição como descartada. Embora as partes tenham avançado em uma negociação, o Valor apurou que alguns obstáculos surgidos nos últimos dias diminuíram o interesse dos bancos na operação.

As questões envolvem desde o preço a ser pago até a necessidade de investimentos que a operação demandaria, uma vez concretizada, afirmou um interlocutor próximo da negociação. A possibilidade de resistência por parte do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também arrefeceu alguns ânimos, disse um outro executivo que participa do processo.

A Elavon brasileira é uma joint-venture entre o Citi e a U.S. Bancorp, que controla a empresa fora do país e foi uma das primeiras empresas de captura de compras com cartão no varejo a se aventurar no mercado local após o fim do monopólio que Cielo e Rede (ex-Redecard) detinham de capturar as marcas Visa e MasterCard. A Elavon, contudo, nunca conseguiu atingir a magnitude inicialmente prevista e acumulou prejuízos nos últimos anos. A companhia tinha como meta ter 10% do mercado até 2018 — mas nunca passou de pouco mais de 1%.

Esse cenário teria diminuído o interesse dos sócios, especialmente do Citi, na operação. Foi daí que veio a decisão de colocar a companhia à venda. Segundo o Valor apurou, Cielo, Santander, Caixa Econômica Federal entre outros foram convidados a olhar a operação, mas apenas BB e Bradesco avançaram para uma análise mais detalhada.

A compra do ativo exigiria equacionar uma série problemas. O comprador precisaria, por exemplo, desembolsar recursos para “zerar” o patrimônio da Elavon, que teria encerrado o ano negativo em cerca de R$ 200 milhões. Em 2013 e 2014, a credenciadora acumulou prejuízos da ordem de R$ 182 milhões, somados.

Além disso, boa parte da tecnologia da Elavon não está no Brasil, mas sim em centros globais de processamento da empresa. Como a intenção era comprar 100% da credenciadora, o que inclui a fatia do U.S. Bancorp, o comprador também precisaria investir em recompor tais sistemas.

A possibilidade de que Bradesco e BB comprassem a Elavon trouxe pesadas perdas no valor de mercado da Cielo, a credenciadora de cartões que tem o controle compartilhado pelos dois. Apenas ontem, a ação da credenciadora caiu 7,09%, sendo cotada a R$ 28,10, mesmo patamar de setembro de 2013. O Ibovespa recuou 2,62%.

Um interlocutor próximo das negociações afirmou também que havia o temor de que o Cade impusesse restrições ao negócio ou mesmo que a análise demoraria tempo demais. Para outra fonte, porém, não foi esse o fator que mais pesou para esfriar a operação.

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