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09/11/2015 - Pagamento com cartão desacelera e setor pode crescer menos de 9%

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Por Aline Oyamada | De São Paulo | Valor Econômico

O mercado brasileiro de cartões continuou a crescer ao ritmo de um dígito no terceiro trimestre, reflexo da economia mais fraca e da consequente desaceleração do consumo. O volume financeiro de transações capturadas pelas máquinas de Cielo, Rede (ex-Redecard) e GetNet cresceu 8,4% na comparação anual, para R$ 251,9 bilhões. Juntas, as três empresas são responsáveis por cerca de 95% do mercado de captura de pagamentos eletrônicos no varejo.

O crescimento dessa indústria saiu da casa dos dois dígitos no segundo trimestre, quando desacelerou de 10,5% para 8,7%, em função da brusca deterioração da economia, que deixou os consumidores mais cautelosos. Em 2014, o volume de transações com cartões de crédito e débito cresceu 15% de acordo com a associação do setor, a Abecs, que levam em consideração todo o mercado e também transações fora do país.

Os tempos de crescimento de dois dígitos, contudo, parecem ter ficado para trás. Analistas e executivos do setor apostam que 2016 será outro ano de consumo fraco, diminuindo o potencial de expansão do mercado.

Para 2015, a projeção de crescimento da Abecs para o setor ainda é de cerca de 10%, mas muitos analistas acreditam que a expansão será menor. Em teleconferência na semana passada, o presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, afirmou que será difícil para a indústria de meios de pagamento atingir crescimento de 9% este ano. A companhia previa anteriormente expansão entre 9% e 11% para o setor, depois de já ter cortado a projeção inicial de 11% a 13%.

"A indústria de meios de pagamento não está imune àquilo que está acontecendo na economia. O crescimento de um dígito no volume do setor reflete isso", afirmou Dias. "Acho que ao fim do ano que vem teremos uma perspectiva melhor para nossa indústria".

Embora tenha desacelerado, o crescimento dos cartões ainda é significativo em um momento em que a expectativa do mercado é de retração do PIB de 3% este ano e 1,5% em 2016. Grande parte das compras no Brasil ainda é feita em dinheiro, mas vem perdendo espaço para os meios eletrônicos de pagamento. A Abecs estima que, em 2014, apenas 30% do consumo das famílias tenha sido feito com cartões, enquanto em economias desenvolvidas, como os Estados Unidos, a taxa está em torno de 50%.

Outro efeito da desaceleração econômica nesse mercado é a tendência de os consumidores usarem mais o cartão de débito que o de crédito, pelo receio de acumular dívidas. Essa dinâmica afeta a rentabilidade das credenciadoras, já que as margens do crédito são maiores. "As pessoas têm medo de perder o emprego, estão comprando produtos mais baratos e têm preferido usar o débito", afirmou.

No terceiro trimestre, 38,5% de todas as compras processadas por Cielo, Rede e GetNet foram feitas com débito, ante 37,4% no trimestre anterior. Na Cielo as compras no crédito cresceram apenas 1,3%, enquanto as operações no débito subiram 15%. O valor leva em consideração as operações com o AgroCard, cartão voltado ao produtor agrícola, que subiram 43,5%. Excluindo esse produto, o débito teve crescimento de 12,5%.

O crescimento no débito impulsionou a Cielo no terceiro trimestre e, aliado à conquista de novos clientes, levou a credenciadora controlada por Bradesco e Banco do Brasil  a ganhar participação de mercado. Das transações processadas pelas três maiores credenciadoras, 54,5% passaram pela Cielo, ante 53,5% no trimestre anterior. A GetNet, do Santander, também ganhou terreno, com 8,2% das transações processadas pelas três companhias, ante 7,9% no segundo trimestre. Já a fatia da Rede, do Itaú  Unibanco, caiu para 37,28%, ante 38,57% nos três meses anteriores.

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