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26/12/2023 - Para Visa, o Brasil tem o 2º maior índice de fraudes no mundo

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Por Ivone Santana | Valor Econômico

O Brasil possui um dos maiores índices de riscos de fraudes entre 200 países e territórios onde a Visa está presente para atender bancos emissores e outros clientes empresariais. A informação faz parte do relatório de fraudes referente a 2023, elaborado pela Visa e antecipado ao Valor. O estudo toma por base dados referentes a mais de 2,7 bilhões de transações Visa realizadas globalmente no valor de US$ 381 bilhões e analisadas pelo Visa Merchant Fraud Report.
 
A Decision Manager, plataforma para gerenciamento de fraudes da companhia, compilou as informações comparando com suas descobertas recentes sobre tendências de fraude e automação de inteligência artificial (IA). Do total de transações, o índice de risco de fraudes do Brasil ficou em 14,24%, atrás apenas da China (14,93%).
 
No entanto, o índice de sucesso nas tentativas de fraude é baixo, 2,44% em todas as indústrias, segundo o relatório. Neste ano, os maiores tíquetes médios das tentativas de fraudes bem-sucedidas ocorreram em países como Canadá (média de US$ 397), Rússia (média de US$ 274) e Estados Unidos (média de US$ 271).
 
Os criminosos têm usado a inteligência artificial há anos para automatizar fraudes. Mas os ‘mocinhos’ também recorrem à tecnologia para se protegerem. Os modelos de aprendizado de máquina (“machine learning”) podem usar a IA para determinar quais transações são provavelmente válidas ou arriscadas, ajudando bancos emissores e comércio clientes da Visa a decidir o que autorizar ou bloquear.
 
Nesse cenário, a experiência do consumidor na hora de comprar e pagar seus bens deverá passar por uma revolução mais acelerada por causa do desenvolvimento de novas tecnologias, como a IA. Uma das mudanças drásticas é a identificação facial, inicialmente para autenticar se aquele usuário que está tentando pagar uma compra é realmente o dono do cartão, seja de crédito, débito ou pré-pago. A prática já foi adotada nas lojas Riachuelo.
 
“O sistema vem evoluindo como entendimento de informação. Mas os problemas também evoluem”, diz Tania Oliveira, chefe global de ciência de dados da Visa Consulting & Analytics - braço de consultoria analítica da Visa. Nos últimos dez anos, a Visa investiu mais de US$ 3 bilhões em IA e infraestrutura de dados para prevenir fraudes.
 
Formada em matemática aplicada e computacional pela Universidade de Campinas (Unicamp), Oliveira começou sua carreira na área financeira no Brasil. Ela trabalhou por 18 anos entre os bancos Itaú e Citi. Transferida para Miami pelo Citi, depois foi para o Peru e Panamá. Entrou na Visa há oito anos, levando em sua bagagem para o escritório de Miami, onde está sediada, sua especialização em analítica e risco de crédito.
 
Os produtos digitais, como software e games, são os mais visados pelos criminosos. As tentativas de fraude nesses casos cresceram 202% este ano em relação a 2022. São diversos tipos de fraude, desde abertura de novos cadastros em comércio (39% dos casos), com o uso de dados falsos, até invasão de contas e fraudes em pagamentos.
 
Outra ferramenta, o Visa Advanced Authorization (VAA) ajudou a coibir US$ 27 bilhões em fraudes na rede mundial da empresa. O sistema identifica as tentativas de fraude e alerta os parceiros. Só no primeiro semestre de 2023, os bloqueios nessa ferramenta somaram US$ 30 bilhões.
 
Oliveira explica que o sistema possui aprendizado de máquina e redes neurais. Os centros de processamento são localizados em diferentes regiões do mundo, mas interligados. Assim, quando é detectada uma tentativa de fraude em Cingapura, por exemplo, o conhecimento do tipo de golpe é absorvido rapidamente por toda a rede inteligente.
 
Toda vez que alguém usa um cartão presencialmente nos pontos de venda, ou on-line, a transação passa pela rede da Visa. “A gente processa a transação e o banco autoriza, tudo em milissegundos”, diz Oliveira, ao acrescentar que ocorrem mais de 75 mil transações por segundo.
 
A arma tecnológica é importante nesse ecossistema. Para isso, a Visa tem incentivado empresas iniciantes. Recentemente, anunciou um capital de risco de US$ 100 milhões para investir em startups de todo o mundo que desenvolvem tecnologias e aplicativos com IA generativa. No Brasil, acelerou 70 startups desde 2017.
 
A chefe de ciência de dados destaca que usar recursos de IA na Visa não é algo novo, a empresa já trabalha com a tecnologia há 30 anos. O processo vem melhorando em todo o ecossistema relacionado a fraudes. São mais de 100 modelos de IA em produção.
 
Uma nova prática focada em inteligência artificial, acaba de ser lançada pela empresa, por meio da Visa Consulting & Analytics, que concentra cerca de 1.000 consultores, cientistas de dados e especialistas em IA. Para Oliveira, uma vantagem da Visa em relação aos concorrentes de consultoria é pode contar com a bagagem de dados e inteligência do grupo.

 

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