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30/08/2022 - Pandemia acelerou digitalização do dinheiro

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Por Martha Funke- Valor Econômico 

 

A digitalização financeira iniciada na década passada acelerou na pandemia com a massificação de meios eletrônicos e tecnologias como pagamento instantâneo, por aproximação ou em comércio eletrônico. O Pix é a melhor tradução. Em menos de dois anos, movimentou R$ 10 trilhões, com 478 milhões de chaves cadastradas. “É o melhor exemplo da desmaterialização do dinheiro”, diz Bruno Magrani, presidente da Zetta, associação que congrega empresas de serviços financeiros digitais. 

Simplicidade e gratuidade do uso foram chaves do sucesso. Outro empurrão foi a inserção de 38 milhões de pessoas no mercado financeiro com o auxílio emergencial pelo aplicativo Caixa Tem. O sistema de cartão de débito virtual desenvolvido com base em QR code, em parceria com a Elo, permitiu pagar contas e compras sem contato, custo do plástico ou necessidade de celulares sofisticados, diz Luciana Bassani, superintendente nacional de estratégia cartões da Caixa. 

O Mercado Pago emprega QR code desde 2018 para compradores com conta digital da marca pagarem vendedores que usam o sistema em ambiente digital ou físico. A carteira digital já incluía opções como parcelamento do valor com oferta de crédito no momento do pagamento (buy now, pay later) e o fluxo permitiu avançar nas agendas Pix e open finance. Com o Pix, as opções foram estendidas para qualquer comércio, via chave Pix, link ou QR code. A diferença, segundo o head de pagamentos Daniel Davanço, é que a integração da solução de QR code a softwares de gestão facilita a conciliação, ainda complicada no Pix. 

A empresa é iniciadora de pagamentos e em breve vai lançar saque para usuários em lojistas (Pix saque) e parcelamento com juros assumidos pelo lojista (Pix parcelado), também com apoio de QR code - a agenda do Pix do BC inclui desde débito automático e cobrança até internacionalização e pagamento off-line. 

Com o open banking, o aplicativo Mercado Pago permite acesso a contas de diferentes instituições na hora do pagamento e serviços como marketplace, central de benefícios, gestão de vida financeira, compra e venda de criptomoedas, contratação de CDB, Pix e acesso a crédito. “QR code, link de pagamentos, telefone como aparelho de aceitação sem maquininha e transações por biometria devem evoluir”, explica Antônio Cerqueiro, sócio da Bain & Company. 

As iniciativas têm apoio. A Celcoin, desenvolvedora e fornecedora de APIs como serviço, entrega soluções de QR code e Pix. “Vendedores podem iniciar pagamentos sem recorrer ao site de banco ou cartão”, diz o sócio fundador Marcelo França. A Tecban incluiu saque via QR code ou token no Banco 24 horas, além de recargas, depósitos, validação biométrica, liberação de cartões e conversão de criptomoedas, entre outros, e testa solução de moeda digital com o BC. O Whatsapp é usado pelo Banco do Brasil para todas transações de seu aplicativo, inclusive por voz. 

Dados levantados pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram o avanço da tecnologia sem contato. No primeiro semestre alcançaram 34% do total dos pagamentos no mundo físico, 344% mais que no mesmo período de 2021. Os pagamentos eletrônicos respondem por 100 milhões de transações diárias e estão chegando perto de 60% do consumo total das famílias - mais que o dobro dos 28,2% registrados nos seis primeiros meses de 2017 -, com R$ 1,6 trilhão no período. 

O cartão de crédito responde pelo maior volume, R$ 1 trilhão, 42,4% maior que em 2021, enquanto o pré-pago subiu 137%, para R$ 99,4 bilhões. A digitalização da economia se reflete no crescimento de 32,7% em compras não presentes, total de R$ 338,5 bilhões, diz Nuno Lopes, vice-presidente da Abecs e country manager da Visa. 

A pesquisa Significado do Dinheiro para o Brasileiro, da NTT DATA, mostrou as preferências locais. Entre os 1004 entrevistados, 55% afirmam que o Pix foi a melhor forma de pagamento já inventada. As formas preferidas são aplicativos bancários (43%), cartões com chip (35%) e com aproximação (31%). O dinheiro (24%) ainda supera as carteiras digitais (22%). “Os pagamentos instantâneos crescem rapidamente e o BNPL é uma das tendências mais próximas”, diz José Ignacio Núñez, sócio da NTT DATA Brasil e head de meios de pagamentos. 

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