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20/06/2022 - Cartão de fintech atrai cliente de banco

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Por Mariana Ribeiro | Valor Econômico

Cerca de um terço dos clientes de bancos tradicionais usa um cartão de crédito de um concorrente digital como o principal, mostra pesquisa sobre meios de pagamento da McKinsey Brasil, antecipada ao Valor. A fatia é bem menor quando feita a análise contrária: 19% dos clientes de fintechs usam um cartão de uma instituição tradicional para a maioria dos gastos.

O dado ganha relevância em um contexto no qual os usuários tendem a cada vez mais concentrar determinados gastos no cartão “número 1”, explica Gustavo Tayar, sócio e líder da prática de pagamento digital da América Latina da McKinsey. “Uber e iFood são exemplos de plataformas nas quais a pessoa cadastra o cartão e acumula os gastos no mesmo lugar. Ser o cartão principal do cliente está se tornando mais importante.”

A pergunta não havia sido feita na edição anterior da pesquisa, realizada em 2020, e, por isso, não há dados comparativos. Tayar acredita, no entanto, que esse movimento, de bancos digitais conquistarem espaço como cartão principal dentro da base das instituições tradicionais, já vinha crescendo e deve continuar. Os números, acrescenta, indicam uma descentralização cada vez maior do relacionamento do usuário com as instituições financeiras.

Antes, o cliente tendia a concentrar sua vida financeira no banco em que recebia o seu salário. Hoje, é maior o número de pessoas que têm laços com diferentes instituições devido a ofertas mais vantajosas em produtos específicos. “É uma tendência natural. E isso significa que bancos tradicionais também têm que repensar sua proposta de valor e entender os movimentos dos clientes. A gente vê isso acontecendo”, afirma.

O estudo mostra que, apesar de o principal fator para a escolha do cartão de crédito continuar sendo a isenção de anuidade, o percentual de pessoas que destacam esse ponto está em queda. Isso indica que a isenção está se tornando uma “commodity”, diz. “Quando a gente explora os dados na parte qualitativa, essa é uma explicação que aparece. Se a pessoa já tem um cartão gratuito, vai querer outras coisas.”

Nesta edição, 29% dos respondentes colocaram isenção de tarifa entre os principais motivos para escolher um cartão. No ano anterior, essa proporção era de 34%. Por outro lado, subiu de 11% para 13% a parcela dos que buscam limite de crédito maior e de 12% para 13% a dos que querem mais transparência.

Benefícios, como “cashback” e milhas, se sustentam na segunda posição, sendo lembrados por 14% dos participantes. “São ferramentas poderosas e é importante que as instituições tenham a habilidade de ajustar os benefícios ao que faz mais sentido para cada segmento. É comum que o ‘cashback’, por exemplo, faça mais sentido do que as milhas para a população de baixa renda, que muitas vezes não consegue juntar valor suficiente para a troca.”

A pesquisa contou com a participação de 4.023 pessoas e foi realizada por meio de aplicativo on-line. O objetivo era identificar hábitos e motivações dos consumidores para utilizarem diferentes modalidades de meio de pagamentos.

Ao todo, 96% dos respondentes disseram que já utilizam o Pix, contra 79% na edição passada. Conveniência e flexibilidade estão entre as principais vantagens destacadas. Apesar de o pagamento instantâneo ser utilizado pela grande maioria dos consumidores, o estudo mostra que usuários continuam concentrando mais gastos em cartões de crédito e débito. Especificamente em relação ao débito, dizem dar preferência à modalidade por fatores como melhor controle de gastos ou hábito.

Em relação às carteiras digitais, a conclusão é a de que os usuários ainda concentram poucos gastos nessas alternativas, utilizando-as principalmente no comércio. Os participantes citam ter, em média, três carteiras. Mas, de uma edição a outra da pesquisa, houve uma queda no percentual de respondentes que dizem utilizar essa opção de pagamento. Em 2020, eram 71%, contra 55% no ano passado.

Tayar observa que muitos usuários começaram a usar essas carteiras por ter algum benefício específico, o que gerou um “boom” de adoção em determinado momento. Muitas delas, no entanto, ainda não deixaram claro ao consumidor qual é o benefício que justifica um uso constante. “É preciso mostrar uma proposta de valor mais bem-definida.”

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