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06/05/2022 - Cielo e Getnet testam espaço para reajuste sem perder clientes

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Por Álvaro Campos e Ricardo Bomfim | Valor Econômico

Cielo e Getnet, respectivamente líder e terceira colocadas no mercado de adquirência (“maquininhas”), apresentaram volumes de pagamentos (TPV) acima do esperado no primeiro trimestre, com a reabertura da economia após a fase mais aguda da variante ômicron da covid-19 e uma atividade em geral mais forte. No entanto, os balanços das companhias também mostram que o desafio do setor é reajustar preços sem perder clientes em diante da inflação elevada e da alta da Selic, que encarece o custo de funding e, assim, afeta a atividade de antecipação de recebíveis.

A Getnet teve lucro gerencial de R$ 103 milhões no primeiro trimestre, com alta anual de 10%. A receita líquida foi de R$ 606 milhões, com avanço de 22%. O TPV ficou em R$ 109,6 bilhões, um crescimento de 26%.

O cartão de crédito representou 66% do volume, enquanto o débito ficou com 34%. Em termos de clientes, são 55% de clientes do atacado e 45% do varejo. “No primeiro trimestre, a companhia apresentou um crescimento de 26% no TPV e de 40 pontos-base na take rate bruta, resultado da mudança no mix de faturamento, alavancado por um aumento de 2 pontos percentuais no varejo frente ao atacado e do crescimento de 24% do TPV do e-commerce, representando uma das nossas principais avenidas de crescimento”, afirmou a companhia no balanço.

O CEO da Getnet, Cássio Schmitt, afirmou que a credenciadora ainda tem muito espaço para crescer com rentabilidade. Isso vai acontecer dentro da base de clientes do Santander, mas a companhia também coloca expandir os canais de distribuição fora do banco como uma prioridade. “Vejo no futuro a base de clientes fora do Santander sendo maior do que a de dentro do banco”, comentou em teleconferência.

O executivo disse que a base de clientes da credenciadora vai crescer neste ano e previu que uma reversão da queda atual pode começar já no segundo trimestre. A base de clientes ativos (com transações nos últimos 90 dias) ficou em 861,2 mil, com baixa anual de 2% e trimestral de 3%. “Crescer a base de clientes é essencial para nossa estratégia, mas com rentabilidade.”

Segundo a companhia, a queda na base de clientes é explicada pela maior cautela na aquisição de novos clientes, principalmente no segmento conhecido como “long-tail” (de microempreendedores), “visando a construção de uma base de clientes com maior vinculação e consequentemente, mais rentável”, além da nova variante da covid-19 em janeiro, que impactou diretamente a rede de agências do Santander.

Já na Cielo, o CEO Gustavo Sousa disse que o ano começou mais forte em termos de volume do que a companhia e a indústria de meios de pagamento como um todo esperavam. “Tivemos crescimento de TPV [volume total de pagamentos] de 24% na Cielo e de 30% em grandes contas no primeiro trimestre.”

Mesmo com essa recuperação no TPV, as adquirentes têm enfrentado o desafio de reajustar seus preços sem perder clientes. A Cielo disse que a iniciativa de reprecificação começou no primeiro trimestre e acelerou em abril, mas ainda não teve efeitos no resultado do primeiro trimestre. “Estamos tentando equilibrar reposicionamento de preços no mercado

“Estamos tentando equilibrar reposicionamento de preços no mercado e manter condições competitivas aos clientes”, afirmou Sousa. Ele explicou que esse reposicionamento era esperado desde o ano passado, mas foi postergado no quarto trimestre para não ter impacto para os clientes da companhia no período de muito movimento da Black Friday e das vendas de natal.

Segundo Sousa, o reajuste foi intensificado em abril, quando a companhia percebeu que não houve tanto impacto no “churn” (taxa de cancelamento de contratos por clientes) e que os concorrentes fizeram reajustes maiores. “Vamos continuar a ver a dinâmica e as respostas do mercado para continuar a reprecificação daqui para frente”, disse.

Na Getnet, o vice-presidente financeiro, André Parize, afirmou que a credenciadora adotou reajustes de preços no primeiro trimestre e ainda deve continuar esse movimento no segundo. “Temos observado que tem algum espaço em algumas regiões e setores, estamos avançando para poder ajustar os preços em um ciclo dinâmico. Alguns competidores estão ajustando fortemente, no primeiro e agora no segundo trimestre. Ainda vemos oportunidade de ajustar preços, com a Selic subindo. Mas não podemos fazer isso na base toda de uma vez”, comentou em teleconferência.

De acordo com Parize, esse movimento de ajuste de preços deve ocorrer tanto no MDR, que é a taxa cobrada pelas credenciadoras dos lojistas, quanto na antecipação de recebíveis. Parize afirmou que a “take rate” - que reflete MDR, tarifa da bandeira e tarifa de intercâmbio (emissor) - deve continuar subindo nos próximos trimestres, assim como os spreads na antecipação, apesar da forte alta no custo de funding com a elevação da Selic. “Mas é difícil dizer qual será a take rate no fim do jogo”.

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