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08/02/2021 - Delivery na pandemia impulsiona ‘maquininha’

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Por Valor Econômico | Rodrigo Carro
 
 
Lins, da Stone, viu mudança na base de clientes: “O volume de trabalhadores autônomos cresceu, porque as pessoas tiveram de buscar atividades paralelas” — Foto: Divulgação
 
 
A ênfase em serviços de delivery durante a pandemia impulsionou a demanda pelas chamadas “maquininhas” de pagamentos com cartão em 2020. Apesar da desaceleração econômica provocada pela covid-19, o país terminou o ano passado com 17,83 milhões de terminais ativos de comunicação máquina a máquina (M2M, na sigla em inglês) do tipo usado em dispositivos móveis de pagamento. O total representa um avanço de 18% frente a 2019.
 
“Durante a pandemia, muitos vendedores precisaram se reinventar e aderiram ao delivery e isso gerou a necessidade de maquininhas adicionais e que já fossem equipadas com chip [SIM card] para poder funcionar em todos os lugares”, diz Ricardo Dutra, presidente-executivo do PagSeguro PagBank.
 
Ao fim do terceiro trimestre de 2020, o total de vendedores ativos na base da companhia atingiu 6,3 milhões. Na comparação com setembro de 2019, o crescimento foi de 1,3 milhão de vendedores ativos. As demonstrações financeiras do quarto trimestre ainda não foram divulgadas pela companhia.
 
Presidente da Stone, Augusto Lins destaca dois efeitos paradoxais provocados pela pandemia no mercado de meios de adquirência - captura, processamento e liquidação das transações com cartão. O fechamento de estabelecimentos comerciais em virtude da pandemia, alguns de forma definitiva, provocou perdas para as adquirentes, mas acabou por alavancar um segmento específico.
 
“O volume de trabalhadores autônomos cresceu, porque as pessoas [desempregadas] tiveram de buscar atividades paralelas”, diz o executivo, referindo-se à base de clientes da companhia.
 
 
 
 
Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) compilados pela consultoria Teleco indicam que no segundo trimestre de 2020, período mais agudo da pandemia no Brasil até agora, chegou a haver recuo no número de terminais de dados M2M do tipo padrão. Estão incluídos nessa categoria dispositivos de comunicação máquina a máquina nos quais o funcionamento depende de intervenção humana. “São, quase na sua totalidade, maquininhas de cartão de crédito, explica Eduardo Tude, presidente da Teleco.
 
Já no trimestre seguinte, entre julho e setembro, o número de maquininhas voltou a crescer. “No início da pandemia o ritmo de negócios sofreu retração, pois está atrelado diretamente ao movimento de vendas do varejo”, informou, por e-mail, a SafraPay, braço de meios de pagamento eletrônicos do Banco Safra.
 
Com a recuperação posterior, a SafraPay mais que triplicou sua base de terminais de pagamentos em 2020. Cresceu 280% na comparação com o ano anterior. O percentual elevado de expansão reflete uma base ainda relativamente reduzida de clientes, quando comparada a outras adquirentes.
 
Foram os terminais de pagamentos com cartão que impulsionaram a expansão da comunicação entre máquinas no país em 2020. O Brasil terminou o ano com 28,48 milhões de acessos M2M, dos quais 63% são terminais padrão. O restante era de terminais de dados do tipo “especial”, que funcionam sem interferência humana. São usados geralmente em sensores de monitoramento remoto e atividades de monitoramento de veículos.
 
No ano passado, essa categoria específica - M2M especial - teve crescimento de 8,7%, totalizando 10,39 milhões de acessos, enquanto a base de terminais do tipo padrão se expandiu a uma taxa de 18%.
 
Para um analista de mercado que prefere não ter seu nome citado, a liberação do auxílio emergencial pelo governo federal e a popularização dos pagamentos on-line beneficiaram diretamente as adquirentes. O desemprego em alta contribuiu para a abertura de negócios informais, acrescenta o especialista, o que se refletiu numa demanda maior pelos terminais de pagamento de empresas com foco maior em profissionais autônomos.
 
“Nossa expectativa é de que tenha havido um aumento de 10% no volume total de pagamentos no Brasil em 2020”, estima o analista. O cálculo inclui pagamentos feitos com cartões de crédito e débito.
 
Maior fabricante de SIM cards do mundo, a francesa Thales conta com uma fábrica no país, em Pinhais (PR), para produção desses chips. Em nota, a multinacional ressalta que “a crise econômica provocada pela pandemia de covid-19, associada à redução dos postos de trabalho, levou parte da população brasileira a realizar atividades autônomas, influenciando no aumento de números de terminais POS, as máquinas de cartão”. A empresa frisa que ainda que essa foi uma alternativa para comercializar produtos e serviços de forma individual.

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