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02/10/2020 - Bancos terão perdas e ganhos com serviço

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Por Valor Econômico | Talita Moreira e Fernanda Bompan

 

À primeira vista, o Pix parece um desastre para os grandes bancos, mas não é necessariamente assim. Os pagamentos instantâneos vão comer receitas de serviços, porém, também vão gerar oportunidades de vender novos produtos e chegar a uma população hoje não atendida. As transações terão custo zero para pessoas físicas.
 
O impacto mais óbvio se dará nas receitas com TED/DOC, arrecadação e convênios para cobrança de contas de empresas de serviços públicos e nos negócios de adquirência, estes já sob forte pressão com o aumento da competição no setor de cartões. São áreas importantes, mas não vitais. O Itaú Unibanco já sinalizou que TED/DOC representam menos de 1% da receita de serviços do banco.
 
Ao mesmo tempo, uma redução no uso de dinheiro físico seria bem-vinda pelas instituições financeiras, que gastam por ano cerca de R$ 10 bilhões com transporte e guarda de numerário - sem contar despesas com segurança.
 
Os bancos terão ainda a possibilidade de ganhar dinheiro ao conectar empresas de outros setores que querem oferecer pagamentos com o Pix. “Numa varejista que estiver usando o Pix, poderemos plugar uma oferta de cartão de crédito, crediário”, disse anteontem Carlos Eduardo Peyser, diretor de estratégias PME e open banking do Itaú Unibanco.
 
O maior perigo, para as instituições financeiras, é ficar paradas. Não por acaso, os bancos vêm travando a chamada “guerra das chaves”. Para usar o Pix, os clientes terão de se cadastrar vinculando uma “chave” - que pode ser o CPF, o celular ou o e-mail - a uma determinada conta. As instituições têm disputado o vínculo com as melhores chaves.
 
Esse cadastramento começa na segunda-feira, dia 5, mas alguns bancos se anteciparam a ele. O Santander fez alarde algumas semanas atrás ao lançar o SX, por meio do qual conectará seus clientes ao Pix, e começou a incentivá-los a se pré-inscrever. “Logo após o lançamento do SX, tivemos, em poucos dias, mais de meio milhão de cadastramentos”, diz Marcelo Labuto, diretor do segmento de pessoa física da instituição. De acordo com o executivo, o SX terá novas funcionalidades além do Pix, incorporando outros serviços. “Estamos ainda bem no início.”
 
No Itaú, a manifestação do interesse pelo cadastro de pessoas físicas é possível por meio do aplicativo da instituição, que oferece esse link e as três opções de chaves, diz Ivo Mosca, superintendente de open banking e pagamentos instantâneos. Nesta semana, o banco fez uma demonstração de como o Pix estará integrado a seu aplicativo. No atacado, o Itaú BBA tem iniciativas específicas para empresas e tem feito uma série de eventos para divulgar o serviço e tirar dúvidas.
 
O Banco do Brasil (BB) também vem intensificando as ações para antecipação das inscrições das chaves do Pix. “Os clientes têm manifestado interesse de fazer o primeiro cadastro conosco. Essa questão da chave é importante porque o uso do CPF, por exemplo, é que terá mais efeito para a identificação da pessoa nos [bancos de dados] do Banco Central”, afirmou Edson Costa, diretor de meios de pagamento da instituição.
 
O Bradesco informou, por meio de nota, que “está preparado para integrar o Pix dentro do prazo estabelecido pelo Banco Central”. Para a instituição, será “mais um meio de pagamento relevante para o sistema financeiro”. No mês passado, a instituição lançou a carteira digital Bitz, que será integrada ao sistema de pagamentos instantâneos e vai oferecer produtos do ecossistema do Bradesco e de terceiros aos clientes.
 
Também fora dos grandes bancos há movimentação de instituições para atrair o cadastro de clientes. “Estamos orientando nossos associados que se vinculem a gente”, afirma Mauricio Guerra, gerente de desenvolvimento de negócios da cooperativa do Sicredi, Sicredi Vale do Piquiri Abcd PR/SP, que está presente em 51 cidades.
 
De acordo com Guerra, o Pix vai representar diversas quebras de paradigma nas formas de fazer negócios, nos arranjos de pagamento, nas formas de cobrança e no uso dos cartões Pix de crédito. “Tudo isso vai ser repensado. O lucro das instituições deve diminuir. Então, a instituição vai manter os clientes por meio da qualidade dos atendimentos”, pondera o executivo.
 
Ele acredita que entre os clientes de alta renda, que realizam mais transferência bancárias, a disputa das chaves deve ser ainda mais acirrada. Na opinião dele, a personalização é o melhor caminho e esse é o foco que a Sicredi tem buscado.
 

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