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02/10/2020 - Cartão deve preservar o espaço no curto prazo

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Por Valor Econômico | Mônica Magnavita
 
João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul: “Há espaço para todos. Nosso caminho é o de ficarmos maiores do que somos” — Foto: Divulgação
 
O impacto do Pix sobre as operadoras de cartão de crédito tende a ser pouco expressivo na etapa inicial por alguns motivos, entre eles o benefício do parcelamento das faturas e prazo de pagamento de até 40 dias. Mas seus desdobramentos ainda são um ponto de interrogação. Há quem pense que o Pix transformará o setor, uma vez que poderá ser utilizado para pagamentos agendados em uma segunda etapa. Mas também há avaliações de que o futuro aponta para a expansão desse mercado e para a estratégia vencedora das bandeiras.
 
“O Pix não afetará o mercado de cartões de crédito. Há espaço para todos. Nosso caminho é o de ficarmos maiores do que somos”, disse João Pedro Paro Neto, presidente da Mastercard Brasil e Cone Sul. Na sua avaliação, o Pix é mais uma das formas de pagamento concorrendo dentro dos meios eletrônicos e ampliará as opções para os consumidores. “Cada um tem suas peculiaridades para cada perfil de consumidor”, disse o executivo da Mastercard, uma das três maiores, ao lado da Visa e Elo.
 
Ele argumenta que o Pix é um instrumento de débito, não de crédito. Na prática, permitirá uma programação da data de pagamento na conta corrente do consumidor e, com isso, o valor relativo ao gasto ficará bloqueado, a fim de assegurar a quitação na data prevista. Será preciso ter dinheiro na conta ou no limite do cheque especial. Já em relação ao cartão, por se tratar de uma operação de crédito, tem a vantagem de dispensar dinheiro em conta no momento da compra e o pagamento da fatura pode ser à vista, parcelado ou rotativo.
 
José Mário Ribeiro, CEO da Adiq, do banco digital BS2, tem visão semelhante. “No Brasil há uma questão cultural em relação ao crédito. O brasileiro é acostumado com essa modalidade em suas compras”, disse.
 
De fato, as estatísticas dão motivos para otimismo. Em 2019, o número de cartões de crédito atingiu 123 milhões, volume 18% superior ao de 2018, conforme o Banco Central, e a quantidade de transações aumentou 33%. A tendência persistiu no primeiro trimestre de 2020 ante igual período de 2018, conforme dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs); a expansão foi de 15,3% no volume de transações e de 14,1% em valores, chegando a R$ 297,7 bilhões.
 
Mas em que medida o êxito do passado garante um futuro semelhante? João Paro Neto argumenta com dados que demonstram a ampliação dos pagamentos digitais com cartão de crédito, que fecharam 2019 representando 43% do consumo das famílias brasileiras, bem superior aos 32% do quarto trimestre de 2016. Países com maior índice de participação dos meios eletrônicos atingem 90%.
 
A Mastercard está atenta a esse espaço para expansão, mas não detalha estratégias. A preferência por pagamentos eletrônicos é uma tendência sem volta e os cartões estão investindo nesse segmento. A experiência ocorrida em outros países demonstra a convivência de instrumentos similares ao Pix com cartões de crédito. Sem jogo de rouba monte. Os cartões oferecem serviços como seguro viagem, sala VIP em aeroportos, isenção de anuidade, prazo de até 40 dias para pagamento da fatura e pontos para trocas por milhas.
 
A visão confiante não é consenso. Marco Zanini, CEO da Dinamo Networks, empresa de segurança digital escolhida pelo Banco Central para fornecimento de equipamentos ao Pix, acredita que a concorrência aumentará para o mercado de cartão de crédito, mas não da noite para o dia. “Existe uma cultura do cartão e as pessoas demoram para incorporar tecnologia nova. Os modelos de negócios para substituir o cartão também terão que ser testados pelos bancos”, disse. Mas, a seu ver, com o tempo, as mudanças serão visíveis; “Em vez de três empresas dando crédito, haverá 980.”
 
Cristina Junqueria, cofundadora do Nubank, acredita que o open banking vai estimular a competição do mercado de crédito. “Os brasileiros vão conseguir comparar produtos e serviços financeiros, e escolher a melhor oferta. Com mais informações sobre o cliente, as instituições concorrentes poderão oferecer melhores condições de tarifas e juros”, disse. Ou seja, redução de custos.
 

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