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04/09/2020 - Bradesco separa Next e dá a largada em plano para destravar valor

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Por Valor Econômico | Talita Moreira

 

O Bradesco deu a largada em sua estratégia de desacoplar áreas de negócios de alto crescimento, com os objetivos de impulsionar a inovação e destravar valor. O primeiro passo foi a cisão do banco digital Next, que ontem deixou de ser um departamento e foi convertido em empresa.

O modelo que começa a ser testado agora deverá ser replicado em outras frentes, principalmente a corretora Ágora, embora os trâmites ainda não tenham começado, apurou o Valor. Em todos os casos, o Bradesco não deve abrir mão do controle, mas aceita negociar uma fatia minoritária em IPO ou com um sócio estratégico.

A lógica é a de dar vida própria a essas operações de forma que se tornem mais visíveis para os investidores e possam ser negociadas com múltiplos melhores que os do banco tradicional. Ao mesmo tempo, o Bradesco continuará provendo capital, produtos e balcão para essas companhias.

O Valor revelou em abril de 2019 que o Bradesco tinha planos de desmembrar o Next. Com a cisão, o banco digital passará a funcionar como uma das empresas do conglomerado financeiro da Organização Bradesco, “adquirindo maior autonomia e velocidade de gestão e de atuação”, anunciou o banco ontem em comunicado.

De acordo com o Bradesco, o movimento é parte da estratégia da instituição financeira na competição com bancos digitais e fintechs, que vai acelerar com a introdução do Pix e do open banking, e com os hábitos digitais dos clientes, intensificados na pandemia.

A intenção, daqui para a frente, é que o Next seja visto como uma empresa de tecnologia que oferece serviços financeiros e não financeiros. O banco digital atuará como correspondente e terá produtos do Bradesco e de terceiros, afirmou Victor Queiroz, diretor de recursos humanos, operações e finanças do Next. “Na linha do tempo, vai se ter uma visão mais clara da empresa, do seu valor e dos negócios”, disse.

Esse não é o único objetivo. A separação em uma empresa à parte também foi planejada para tirar amarras do banco digital. A expectativa no Bradesco é que, dessa forma, o Next ganhe mais agilidade para tomar suas próprias decisões - que até então disputavam a prioridade com outras áreas do banco. “Ao se tornar uma companhia, ele terá mais liberdade para negociar parcerias e lançar produtos”, afirmou Queiroz ao Valor.

Nos últimos meses, o Next incorporou produtos da Bradesco Seguros e da corretora Ágora. Há uma semana, lançou uma conta para crianças e adolescentes com personagens da Disney.

Na Cidade de Deus, é esperado que o Next também ganhe mais velocidade andando sozinho. O banco digital tem mais de 3 milhões de clientes e a projeção mais recente era a de encerrar este ano com pelo menos 3,5 milhões.

“É um movimento natural e evolutivo, à medida que o Next tem se tornado cada vez mais uma experiência completa de serviços financeiros. Queremos estar presentes em todos os momentos da jornada de vida dos nossos clientes”, disse Octávio de Lazari Jr, presidente do Bradesco, por meio de nota.

Em julho, Lazari afirmou que o Next deve chegar ao fim deste ano avaliado em cerca de R$ 20 bilhões, levando em conta a métrica que se costuma aplicar para fintechs. Uma abertura de capital é possível, segundo ele, mas não agora.

 

 

 

 

 

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