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20/05/2020 - Stone quer ir além das maquininhas e investir em serviços financeiros

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O presidente da Stone Co, Augusto Estellita Lins, 56 anos, disse que a empresa investirá na oferta de serviços e ferramentas de venda on-line para superar a crise. Além das maquininhas verdes de cartão, a fintech quer popularizar o pagamento por link e o uso da sua plataforma de gestão.

“Nós estamos conectando mais de 500 mil estabelecimentos comerciais e pequenos empreendedores no Brasil inteiro. E essa turma tem que continuar a tocar o seu negócio.”

O executivo falou ao Poder360 Entrevista, por videoconferência na 4ª feira (13.mai.2020), 1 dia depois de a empresa anunciar a demissão de 20% da equipe (1.300 funcionários) como medida para enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia de covid-19.

Para Lins, foi uma decisão difícil, mas necessária. “Fizemos 1 processo muito cuidadoso, difícil, mas a gente entende que era o melhor que precisava ser feito.”

Conhecida pelas maquininhas verdes de cartão espalhadas por todo o país, a empresa enfrenta retração na receita por causa da queda nas vendas do comércio. O varejo brasileiro caiu 2,5% em março, na comparação com fevereiro. Foi o pior resultado para o mês de desde 2003, quando o setor caiu 2,7%.

“É uma crise que começou na oferta, tendo que fechar as portas. Em março tivemos uma queda no varejo, em abril vamos ter outra queda. A retomada tende a não ser muito rápida”, disse.

Em 26 de maio, a Stone divulgará os resultados do 1º trimestre, quando será possível ver os impactos da crise na companhia. Em 2019, a fintech teve lucro líquido de R$ 857,1 milhões, alta de 150% em relação ao ano anterior.

Em meio à pandemia, o executivo diz que a empresa está buscando oferecer cada vez mais serviços para ajudar seus clientes.

“Por que eu preciso abrir uma conta em 1 banco para receber o dinheiro da minha venda? Então, montamos a conta Stone, uma conta de pagamento, que junto com ela a gente desenvolveu uma plataforma de serviços financeiros que o estabelecimento comercial está me pedindo. Hoje nós temos nessa conta toda capacidade de receber valores, pagar conta e transferir. Ou seja, a gente está montando uma verdadeira plataforma de serviços financeiros. E nessa plataforma a gente está agregando todo dia serviços novos.”.

O presidente contou que a fintech está disponibilizando aos clientes uma ferramenta de link de cobrança, em que o cliente digita o valor, dados do cartão e faz o pagamento. Outra opção é a capacidade de o vendedor montar uma loja online na plataforma da Stone.

Uma novidade que visa fisgar a clientela é a ferramenta “Raio X”, que permite o estabelecimento saber quando vai receber com o cartão de crédito em cada dia.

“Vai ter muita mudança nessa retomada. No meu negócio, especificamente, haverá adoção muito grande de meios de pagamentos eletrônicos. Isso vai beneficiar a agenda do Banco Central, que tem feito 1 belíssimo trabalho e está desejando implementar este ano o pagamento instantâneo e a agenda do open banking“, comentou.

A companhia brasileira foi fundada em 2012. Há 2 anos realizou sua oferta inicial de ações (IPO) na Bolsa de Valores de Nova Iorque, e, no mesmo ano, tornou-se 1 unicórnio da tecnologia (designação usada para startups que atingem US$ 1 bilhão em valor de mercado).

Questionado sobre o aumento da concorrência no segmento, respondeu ver isso como algo positivo. Argumenta que a disputa faz os preços caírem e incentiva a inovação.

“A abertura que o Banco Central tem trazido para essa indústria tem sido espetacular. A reboque disso, têm se criado novos produtos, aumentando a inclusão financeira e a produtividade no Brasil”.

 

ISOLAMENTO SOCIAL

Para o presidente da empresa, as medidas de isolamento social estão fazendo uma “digitalização forçada” no modo de consumir da população. Disse que isso veio para ficar.

“O consumidor tem a oportunidade de, neste momento, experimentar coisas diferentes. Estão caindo tabus. Quem estava acostumado a ir ao banco para pagar uma conta agora está recorrendo a uma conta digital.”

 

COMBATE À COVID-19

No início da pandemia, a fintech lançou 1 pacote de incentivos financeiros de R$ 30 milhões para os clientes e abriu uma linha de microcrédito de R$ 100 milhões para os setores mais afetados. Contribuiu com R$ 5 milhões para a construção de 1 hospital temporário no Rio de Janeiro e doou R$ 500 mil para a compra de 10.000 testes covid-19.

Augusto Lins disse que a linha de microcrédito já foi toda usada. Falou que estão sendo estudadas outras formas de ajudar o país e citou a necessidade de maior preparação financeira por parte dos pequenos negócios.

“Nós vimos que [a maioria] não tinha estabelecimento financeiro, capital de giro, não sabia quanto tempo aguentava. Então iniciamos, dentro do movimento ‘compre do pequeno negócio’, 1 conjunto de conteúdos sobre como o estabelecimento deve fazer o seu planejamento financeiro”, falou.

“Eu acho que a gente vai sair dessa crise com uma visão de que é importante ter 1 pouco de planejamento financeiro, plano de contingência para emergências. Todo mundo vai ter seguro para que o empreendedor, que por algum motivo não puder abrir sua loja, não fique sem renda”, disse.

 

STONE

Abaixo, alguns dados reportados pela empresa em 2019:

  • receita: R$ 2,6 bilhões (salto de 63,1% ano a ano)
  • lucro líquido: R$ 857,1 milhões (alta de 150% ano a ano)
  • clientes ativos: 495,1 mil
  • volume total de pagamentos: R$ 129,1 bilhões (alta de 54.8% ano a ano)
  • valor de mercado: US$ 7,5 bilhões

 

AUGUSTO LINS

Augusto Barbosa Estellita Lins é formado em engenharia elétrica e eletrônica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1985). Fez MBA em finanças pela Escola de Administração da Universidade de Boston (1990) e 1 programa avançado de gestão em Administração de Empresas pela Fundação Dom Cabral/INSEAD (2003). Também participou do programa OPM (Owner and President Management Program) da Harvard Business School, de 2015 a 2017.

Atualmente é presidente da Stone. Antes, atuou como diretor comercial da Redecard (de 2011 a 2013). Trabalhou como diretor em diferentes setores do Itaú Unibanco (de 2001 a 2011).

De 1993 a 2001, atuou como diretor de finanças do ING Bank. Trabalhou por 2 anos (de 1991 a 1993) no departamento de finanças da Rothschild & Sons. Também foi diretor de produtos e projetos na PC Software & Consulting (de 1994 a 1990).

 

 

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